Apesar de pregar relação ‘superpacificada’, Barroso evita Pacheco em evento

Ainda que garanta viver uma relação “superpacificada” com o Congresso Nacional, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, evitou contato visual com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante solenidade na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Brasília, nesta segunda-feira (23).

Os dois participaram do evento em celebração aos 35 anos da Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, e estavam sentados na tribuna de honra do auditório. Entre eles, apenas o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o presidente da OAB Nacional, Beto Simonetti.

Durante praticamente todo o discurso de Pacheco, Barroso permaneceu de cabeça baixa, lendo algo sob a bancada, e não olhou para o senador enquanto ele falava. Em momentos em que a plateia aplaudia trechos da fala do político, o magistrado interrompia o que estava fazendo e também batia palmas, para logo voltar a baixar a cabeça.

Em um determinado momento, o ministro do Supremo chegou a cobrir a lateral do olho esquerdo com a mão, o que dificultou ainda mais sua visibilidade na direção do senador. Ao final do discurso, encerrado por Pacheco com um trecho em que defendia a união dos Poderes para o fortalecimento da democracia, o ministro do STF cochichou algo no ouvido de Messias, e os dois riram.

Simonetti e Alckmin discursaram na sequência. Ao final das falas, segundos antes de a cerimônia ser encerrada, Barroso os cumprimentou, se despediu do AGU e de outras autoridades que estavam próximas a ele, e saiu, também sem falar com Rodrigo Pacheco. 

Durante quase todo o discurso do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, fica de cabeça baixa e não olha para o senador. pic.twitter.com/uPiuwYWAXY

O estranhamento entre o Congresso e o STF vem se intensificando desde que a Suprema Corte derrubou o veto do marco temporal de terras indígenas, pauta defendida pela bancada ruralista. Em resposta, dias depois a matéria foi votada e aprovada pela Câmara e pelo Senado, e levada à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vetou parte do texto. 

Sob a tutela de Pacheco, o Senado discute uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita os poderes dos ministros do Supremo. A reação da Corte veio em tom mais duro do ministro Gilmar Mendes e, em seguida, mais brando, com outros posicionamentos de Luís Roberto Barroso. O Senado planeja votar a proposta ainda nesta semana. 

Cotados ao Supremo comparecem em evento

A tribuna do evento também contou a presença de autoridades que estão sendo lembradas para ocupar a cadeira deixada por Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal. Do lado de Barroso, sentou-se o advogado Geral da União (AGU), Jorge Messias. Do de Pacheco, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Junto com o ministro da Justiça, Flávio Dino, estes dois nomes estão os três mais cotados para chegar à Corte.