O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandou uma indireta ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante transmissão em suas redes sociais na noite desta quinta-feira (9).
“Parabéns ao Conselho de Medicina do Amazonas que recomendou a cloroquina, inclusive para casos mais leves. É uma chance, uma oportunidade. Se você vai no médico, com toda certeza o médico vai ser favorável (ao uso do medicamento), porque o médico não abandona o paciente, mas o paciente troca de médico. Se você vai ao médico, e ele receita algo que você sabe que não vai dar certo, você tem o direito de trocar de médico, com todo respeito”, afirmou Bolsonaro.
O comentário foi feito quando o presidente defendia o uso da cloroquina no tratamento do coronavírus. Bolsonaro voltou a citar o cardiologista Rodrigo Kalil, que recomendou o medicamento e admitiu ter usado a cloroquina.
Na segunda-feira (6), após ter sido criticado pelo presidente, o médico e ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que continuaria no cargo até que o presidente decidisse por sua demissão. Ele afirmou que “médico não abandona paciente” e que considerava o Brasil um paciente enfrentando uma grave doença.
Na semana passada, Bolsonaro já havia atacado Mandetta, dizendo que eles estavam se “bicando” e que "faltava humildade" ao ministro da Saúde.
“Limite na ajuda”
O presidente afirmou ainda que o governo federal não terá condições de sustentar ações de apoio aos Estados e aos municípios durante a pandemia do coronavírus por longo prazo.
Ele afirmou que existe um limite de três ou quatro meses para que a União consiga manter ações emergenciais. O presidente comemorou que alguns governantes estão reavaliando medidas de restrições e citou Minas Gerais como exemplo de mudança de atitude diante do combate à pandemia.
“É como se caísse uma ponte numa enchente. Lançamos uma ponte alternativa. Estamos com R$ 600 bilhões mantendo a comunicação entre as duas margens do rio. Só que temos um limite. Acredito que em três ou quatro meses ficará complicado. Espero que as atividades voltem – antes disso, até. Por mim, quem tem menos de 40 anos já deveria estar trabalhando sem problema nenhum, mas não quero polemizar. Temos dois problemas: a questão do vírus e a do desemprego. Tenho notícia de que alguns governadores e alguns prefeitos... parece que (em) Minas Gerais já começou nessa linha, cidades que não têm ninguém com o sintoma do vírus estão sendo liberadas pelos respectivos governadores", afirmou.
Nesta quinta-feira, o governador de Minas Romeu Zema (Novo) se reuniu com o presidente e afirmou que o Estado deve anunciar na semana que vem um protocolo para liberação de medida de isolamento que poderá ser adotado por cidades em que não foram registrados contágios da Covid-19.
O presidente afirmou que não iria comentar as críticas feitas por Onyx Lorenzoni ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Quem está esperando eu falar sobre Onyx, Mandetta e Osmar Terra pode passar para outra live. Não vai ter esse assunto aqui, não”, disse Bolsonaro.
Ao avaliar a decisão do ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro afirmou que não se questionam decisões do STF, mas que as pessoas que se sentirem prejudicadas por falta de trabalho devem procurar os prefeitos e os governadores para cobrar o alívio nas medidas de isolamento.
“Uma decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal, nós vamos recorrer, mas tem um lado positivo até, dizendo claramente que quem é responsável pela imposição de isolamento social, quarentena e suspensão de atividades são os respectivos governadores ou o prefeito. Afastou o governo federal de tomar decisões neste sentido. Então, se você tem algum problema ou acha que as medidas tomadas em seu Estado estão te prejudicando, o local para reclamar é com o respectivo governador e prefeito. Não vou entrar em polêmica, é decisão do Supremo”, afirmou.