A reforma da Previdência é hoje uma das pautas mais polêmicas em tramitação no Congresso e, provavelmente, será uma das prioridades para o próximo Legislativo, que se formará a partir de 1° de janeiro de 2019. O projeto é defendido pela base do governo de Michel Temer (MDB) e foi totalmente rejeitado por movimentos sociais e sindicatos trabalhistas. Naturalmente, o assunto levanta bastante discussão na sociedade. Alguns especialistas e políticos defendem a necessidade imediata da pauta, enquanto outros setores acreditam que, em seu formato atual, a medida vai prejudicar os mais pobres. A pesquisa Minas no Brasil de 2018, do Instituto Mercadológica em parceria com o jornal O TEMPO, revelou que a maioria dos mineiros acredita na urgência da pauta, mas desconhece a proposta defendida pelo governo.

Dos entrevistados, 80,2% disseram que é necessária uma reforma da Previdência, principalmente empreendedores e profissionais liberais, mas apenas 2,7 % dos mineiros entrevistados afirmam conhecer totalmente a proposta. Entre os empreendedores entrevistados, 61,1% afirmaram conhecer pouca coisa da proposta, enquanto 44% dos profissionais com Previdência pública fizeram essa afirmação.

Governo. Atualmente, o país tem cerca de 133 milhões de brasileiros em idade economicamente ativa, com 60 milhões deles contribuindo para a Previdência Social. O governo defende que o atual projeto vai significar uma economia de R$ 480 bilhões para a próxima década. Deputados governistas dizem que a reforma vai atingir “apenas” 25% dos trabalhadores brasileiros, sendo apenas os que recebem os melhores salários.

Nas ruas. Muitos evitam se aprofundar no assunto, alegando não possuir conhecimento suficiente. No entanto, para algumas pessoas, a opinião está clara. Para o gestor de eventos Félix Matos, 50, a reforma é urgente, mas deve ser feita também nas classes altas. 

“A reforma é completamente necessária. O país está caminhando para a bancarrota. Precisa-se que enxugue a Previdência. Hoje, têm funcionários públicos que acumulam duas, três aposentadorias. Mas é preciso que o exemplo venha lá de cima, não é apenas pegar a aposentadoria da ‘dona Antônia’, ou do ‘seu Antônio’ e mudar. Há de se mexer nos altos cargos também”, afirma Matos.
 
O advogado Álvaro Diniz, 32, considera que seu conhecimento sobre a atual proposta não é suficiente para uma análise. “O meu nível sobre o projeto atual é superficial, ainda não consegui um estudo mais técnico sobre a pauta. No entanto, acredito se tratar de uma das mais urgentes e prioritárias do país. O próximo governo terá que levar o tema para o debate e discutir com a população”, ressalta.

Solução para verba vem de outros setores

A pesquisa Minas no Brasil de 2018 mostrou que a maioria dos mineiros, cerca de 56,9%, acredita que para cobrir o déficit previdenciário é necessário que os governos retirem as verbas de outros setores menos importantes. Para a psicóloga Lourdes Camargo, a reforma mais urgente é a tributária. “A gente sabe que os impostos das grandes fortunas não são cobrados devidamente. Só se criam reformas que cortam no couro das camadas mais baixas da população”, ressalta.