Em uma postagem publicada na última sexta-feira (04) em suas redes sociais, Rodrigo Paiva, pré-candidato do Partido Novo à prefeitura de Belo Horizonte, disse que a aprovação da construção da Linha 2 do metrô de Belo Horizonte havia sido uma conquista do governador Romeu Zema, do mesmo partido.

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A postagem do pré-candidato destacou também que o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) viria ao estado nos dias seguintes para assinar o convênio com o governo de Zema. A previsão do investimento seria de R$ 1,2 bilhão para a linha que deveria ligar a estação Calafate ao Barreiro. 

Mesmo tendo um diálogo estreito com o presidente, a história não é bem assim. Os recursos para a construção da nova linha do metrô, um desejo antigo da população belo-horizontina, chegaram a ser anunciados pelo presidente na última quarta-feira (02). 

Na ocasião, o presidente da república afirmou também em uma postagem, que a verba havia sido viabilizada graças à criatividade e a determinação ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. O dinheiro viria da indenização relativa à devolução de trechos antieconômicos da Ferrovia Centro Atlântica (FCA).

No entanto, a alegria do anúncio durou pouco mais de 24 horas. Conforme posicionamento de técnicos do Ministério da Economia, o dinheiro prometido não poderia ser retido em uma conta do BNDES e destinado para a obra na capital mineira sem passar pelo Orçamento da União, como foi prometido pelo governo federal. Mais uma vez, o projeto segue sem andamento garantido. 

Mesmo que futuramente os recursos sejam confirmados, o papel da bancada mineira de deputados e senadores teve bem mais protagonismo no processo. Ainda em 2018, no governo Temer, os deputados apresentaram um projeto para que a verba arrecadada pelo metrô de BH ficasse na própria unidade da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). 

Em abril de 2019, com a possibilidade do uso da multa da FCA, a bancada levou novamente ao Ministério da Infraestrutura o pleito da ampliação. Uma notícia publicada no próprio site da CBTU confirma que o processo atual foi iniciado pelos deputados da bancada mineira, liderada atualmente pelo deputado Diego Andrade (PSD).

Em novembro do mesmo ano, durante a visita dos deputados à sede da empresa em BH, o secretário de estado de Infraestrutura e Mobilidade, Marco Aurélio Barcelos tornou a destacar a importância dos deputados para a articulação:  “O importante é manter a união tanto da CBTU quanto do estado e seguir contando com o apoio da bancada federal que foi a responsável por conquistar os recursos que vão irrigar a linha 2.”

Procurada, a assessoria de imprensa do Governo do Estado disse que os valores devidos pela FCA em função da devolução dos trechos ferroviários estão sendo pagos à União e há o compromisso do Governo Federal de repasse desses recursos para a Linha 2 do Metrô da Região Metropolitana de BH. A nota ainda diz que desde o anúncio, feito em abril de 2019, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, está em contínuo diálogo com a União e com a bancada mineira para garantir a operação.

Portanto, em relação à informação de que Zema trouxe a linha 2 do metrô para Belo Horizonte, a história não é bem assim.