A deputada federal Dandara Tonantzin está fora da disputa pelo comando do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais. Essa foi decisão tomada em reunião do Diretório Nacional do PT, realizada nesta terça-feira (1° de julho). Conforme informações de interlocutores da legenda, teriam sido 58 votos para suspender a candidatura de Dandara contra 32 para manter.

A eleição para escolha da nova direção do partido será no próximo domingo (6 de julho) e Dandara foi o nome escolhido para tentar dar continuidade a atual gestão em Minas, encabeçada pelo atual presidente da legenda no Estado, deputado estadual Cristiano Silveira, e pelo deputado federal Reginaldo Lopes.

A candidatura da parlamentar, no entanto, acabou suspensa após a constatação de uma dívida partidária de quase R$ 130 mil. Dandara alega que fez o pagamento dentro do prazo exigido para inscrição de chapas no processo. No entanto, segundo a deputada, teria havido um estorno de valores por causa de uma questão bancária, mas que foi corrigido assim que foi notificado pelo banco.

A Executiva Nacional do partido avaliou o caso e os argumentos da parlamentar, mas decidiu seguir o estatuto do partido à risca e impedir a candidatura de Dandara. Restou então ao grupo que a apoia recorrer ao Diretório Nacional da legenda.

Na segunda-feira (30 de junho), um evento em Belo Horizonte - em apoio às candidaturas de Dandara, para o diretório estadual, de Guima para a reeleição ao diretório do PT na capital mineira e de Edinho Silva para presidência nacional da legenda - teve como uma das principais pautas a mobilização para convencer o diretório a liberar a candidatura de Dandara. 

Lideranças estaduais, como a prefeita de Contagem, Marília Campos, e o ex-presidente nacional e ex-ministro de governos petistas José Dirceu, se revezaram para defender a liberação da candidatura da parlamentar e demonstravam confiança em uma mudança na postura adotada pela Executiva Nacional.

Fala de Dandara

A parlamentar lamentou a estratégia dos seus adversários na disputa e não descarta buscar caminhos alternativos para se manter na disputa. "Ficou nítido que a decisão hoje foi política, capitaneada por pessoas que apoiam a candidatura adversária a minha. Estamos analisando os próximos passos. Vamos lutar por justiça. Sigo mais candidata do que nunca", disse me nota.

"Lamentável que a reunião do Diretório Nacional tenha sido marcada pela substituição, de última hora, de cerca de 20 membros titulares, sem o consentimento dos mesmos, para garantir maioria para o campo político de oposição à nossa candidatura. Nós esgotamos todas as discussões nas instâncias partidárias, confirmando, através de um documento bancário, que o pagamento da referida dívida com o partido foi realizado, tornando apta a minha candidatura", destacou Dandara. 

Troca de acusações 

A suspensão da candidatura de Dandara por causa de uma questão que seria “apenas burocrática”, na avaliação de apoiadores da parlamentar, seria uma “puxada de tapete” inaceitável dentro do processo democrático da legenda. 

O sentimento teria sido o estopim para várias trocas de acusações, muitas destinadas especialmente a deputada Leninha, vice-presidente da Assembleia Legislativa e principal adversária de Dandara na disputa pelo comando do PT Minas. Um dos casos ocorreu na última semana, quando circularam documentos internos do PT mostrando que haveria alertas de dívida também no nome de Leninha, que também poderia ter a candidatura cassada, informação que foi negada pela direção do partido e pela equipe de campanha da parlamentar.

O deputado federal Miguel Ângelo, um dos principais articuladores da candidatura de Dandara e forte crítico à decisão da Executiva Nacional da legenda, que impediu a parlamentar de disputar o pleito interno do partido. Ele, no entanto, minimizou, durante encontro realizado na segunda-feira para apoio à Dandara, as possíveis “feridas” que possam ficar da disputa dura que marcou o pleito em Minas. “Estamos acostumados com disputas pesadas dentro do PT; mas estamos acostumados também a rejuntar o partido e estaremos unidos para garantir a reeleição do presidente Lula no ano que vem”, destacou.