O PSDB vive um impasse inédito na corrida eleitoral deste ano. Um dos partidos que quer construir a terceira via para competir com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), juntamente com MDB e Cidadania, o pré-candidato tucano João Doria é pressionado para desistir do pleito. Isso por conta dos altos índices de rejeição levantados nas últimas pesquisas eleitorais -- atrás apenas de Bolsonaro -- e se manter com intenções de voto mínimas.
Durante entrevista ao quadro Café com Política da Rádio Super 91,7 FM, Aécio disse que o presidente do partido, Bruno Araújo, é um dos responsáveis pela atual situação. “Ele tem sido muito cauteloso, mas não tiro a responsabilidade por ter nos trazido até aqui”, alegou.
Segundo Aécio, a cúpula do partido foi avisada desde o início sobre a inviabilidade de Doria no pleito. Em São Paulo, o ex-governador foi eleito na esteira do bolsonarismo, após lançar o BolsoDoria, e com poucos votos de diferença de Márcio França (PSB), que foi vice-governador na gestão Alckmin. Porém, Doria rompeu com o presidente e os ataques mútuos se tornaram constantes.
“Contestei desde o início. No momento que se falava das prévias, só existia o nome do Doria, o Eduardo Leite só surgiu quatro meses depois. Alguns achavam que isso aconteceu para atender o Doria, e eu sempre considerei que foi para o Rodrigo Garcia (atual governador de São Paulo)”, explicou.
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O deputado ainda lembrou que o próprio ex-governador tentou seguir no Palácio dos Bandeirantes, mas foi impedido. “O Doria resolveu ficar no governo no dia 30 de março [último dia para deixar o cargo e disputar a eleição], mas foi ejetado da cadeira, pressionado pelos seus próprios aliados e o presidente Bruno Araújo, que queria defender Garcia”, acrescentou.
Carta garantia candidatura de Doria
Após deixar o governo paulista, o presidente tucano ainda divulgou uma carta que garantia a candidatura de João Doria ao Palácio do Planalto. “Essa carta garantia a Doria tudo que agora é negado. Se ele ficasse em São Paulo, teríamos o Leite falando de renovação política, responsabilidade fiscal, diversidade. Lamento muito que o PSDB tenha abdicado naquele momento para atender um projeto regional. Mas não vou desistir do partido”.
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