Ao contrário de 2018, quando o então candidato Romeu Zema e o Partido Novo fizeram uma campanha descartando o apoio de outras siglas e apostando em uma chapa “puro-sangue”, em 2022 a busca é pelo máximo de aliados possível para a formação de uma ampla coalizão.
Antes avesso aos acordos partidários, o Novo neste ano faz os cálculos para ter apoio de pelo menos dez legendas em Minas. Na avaliação de Matheus Simões, ex-secretário geral do governo Zema e um dos coordenadores da campanha à reeleição do governador, existe um reconhecimento de que a sigla precisa de parceria com outros partidos para conseguir avançar em algumas pautas no Poder Legislativo.
“Em 2018 a eleição se deu sem que nenhum partido ou político tivesse apoiado nossa candidatura. Talvez pelo desconhecimento da época, em que o partido havia participado apenas de uma eleição, talvez pela estranheza a nossas regras de vedação do uso do fundo nas nossas campanhas, ou mesmo pela descrença de que tivéssemos chances”, explica Simões.
O coordenador relata que, à época, o Novo não chegou a buscar alianças, “dados os compromissos dos partidos tradicionais, um estranhamento que ainda havia, a baixa perspectiva de vitória”, completa.
Simões diz que a busca por alianças com outros partidos é um tema “pacificado” no Novo, mas ressalta que as coligações proporcionais nunca foram proibidas na sigla.
“Acredito que nacionalmente esse tema está pacificado no Novo. A proibição estatutária a coligações nas eleições proporcionais passou a ser uma regra para todos os partidos. A coligação proporcional não tinha ocorrido antes, mas nunca foi proibida. Esta é nossa terceira eleição, e já é momento de ocorrer”.
Agora, porém, ele comenta que o partido vai atuar em um contexto bem diferente do de 2018. “A realidade atual é bem diferente: temos um governo que atrai apoios pelo trabalho já realizado, pela percepção de que temos condições de diálogo e pela expectativa de vitória. Por outro lado, reconhecemos a importância das alianças para que o governo possa alcançar os avanços que dependem da Assembleia e de uma construção ampliada”, afirma Simões.
Entraves
Desde o início, o governo Zema teve duros embates com lideranças da Assembleia Legislativa e enfrentou dificuldades em aprovar seus principais projetos. Uma das apostas do governador para equilibrar as contas do Estado, a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), não avançou na Assembleia e dificilmente será aprovada até dezembro, quando Zema concluiu seu primeiro mandato. O projeto foi apresentado ainda em 2019, mas recebeu muitas críticas de deputados independentes e que fazem oposição ao governo atual.
Chapa deve ser definida só em julho
As definições sobre como serão ocupadas as vagas na chapa do governador Romeu Zema devem ficar para julho. Entre os políticos cotados para ser vice de Zema estão os deputados Marcelo Aro (PP) e Bilac Pinto (União Brasil), e para a vaga ao Senado outros nomes conversam com as lideranças do Novo, entre eles o do deputado estadual Cleitinho (PSC). “Essa decisão ficará para julho, quando acontecerão as convenções e estaremos mais próximos da campanha”, afirmou o deputado federal Marcelo Aro, um dos cotados para ser o vice.
Frente encabeçada pelo Novo pode ter mais dez legendas
Pelo menos dez siglas já indicaram até aqui que pretendem apoiar a reeleição do governador Romeu Zema. A maioria dos partidos, no entanto, ressalta que a decisão sobre a coligação sairá apenas durante as convenções partidárias – que acontecem entre julho e a primeira semana de agosto.
Alguns acordos, como as conversas com PP, União Brasil, Patriota, Avante e PSC, são considerados bem encaminhados por representantes do Novo. Zema também tem conversas com outras siglas, como Solidariedade, PMN, Agir e Podemos. Alguns parlamentares do Cidadania, que está em processo de fechar a federação com o PSDB, também declaram apoio a Zema.
A corrida por alianças partidárias esquentou na semana passada, quando o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) fechou a parceria com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para participarem do mesmo palanque em Minas. Lideranças do PSD passaram a buscar diálogo com nomes de outras siglas que hoje são mais próximas do governo Zema, como o União Brasil. No entanto, alguns parlamentares do PSD declaram publicamente que pretendem ignorar a aliança com o PT e fazer campanha para Zema e Bolsonaro.
“Estarei com o governador Zema e com o presidente Bolsonaro. Já avisei o presidente Kassab, deixei claro que não me junto com Lula e Kalil”, afirmou o deputado Diego Andrade (PSD), referindo-se a Gilberto Kassab, presidente nacional da sigla.
Efeito Viana
O lançamento da pré-candidatura do senador Carlos Viana (PL) ao governo estadual se tornou um obstáculo para que parlamentares da sigla participem da coligação de apoio a Romeu Zema. Apesar da sinalização do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) em defesa da reeleição de Zema, a manutenção da candidatura de Viana, ainda uma incógnita, pode afastar algumas siglas do palanque do Partido Novo.