BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), minimizou, nesta quinta-feira (21/8), as recentes ameaças do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em recado ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indiciado pela Polícia Federal (PF) por coação à Justiça diante das sanções dos Estados Unidos, Motta ressaltou que não funciona sob ameaças.
O presidente da Câmara dos Deputados disse desconsiderá-las “Não levo muito em consideração essas ameaças, porque, primeiro, não funciono sob ameaça. Isso não altera nem o meu humor e nem a minha maneira de agir”, apontou, em entrevista à GloboNews no dia seguinte ao indiciamento do deputado.
Motta ainda reiterou que Eduardo, alvo de pedidos de cassação, será tratado de acordo com o regimento interno da Câmara dos Deputados, como “todo e qualquer” deputado federal. “Nem haverá privilégio, nem haverá o interesse de prejudicar. Nós temos que saber separar as coisas, porque o papel do presidente da Casa é agir com muita imparcialidade”, desconversou.
Na última sexta (15/8), o presidente da Câmara dos Deputados despachou para o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar quatro pedidos de cassação de Eduardo. Encabeçadas por PT e PSOL, as representações pedem que o deputado federal perca o mandato por articular sanções do governo Donald Trump a autoridades brasileiras.
Eduardo está desde março nos Estados Unidos, onde articulou o enquadramento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky e o cancelamento do visto do próprio Moraes, de outros sete ministros e do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Embora tenha se licenciado do mandato por 120 dias, o deputado está em exercício há um mês.
No último mês, o filho de Bolsonaro insinuou que tanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), quanto Motta podem ser sancionados caso não pautem a anistia e o impeachment de Moraes. “A minha percepção, do que eu tenho olhado aqui, (é que) se o Brasil não conseguir pautar a anistia, pautar o impeachment do Alexandre de Moraes, a coisa ficará ruim”, sinalizou.