Com a presença dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, David Alcolumbre, além de cinco governadores de Estado, três ministros e mais de 750 empresários, está acontecendo o Fórum Empresarial Lide, um evento realizado pelo Grupo de Líderes Empresariais neste ano em Campos do Jordão, no interior de São Paulo, na décima oitava edição. O governador de São Paulo, João Doria, idealizador do evento, disse que a reforma da previdência é importante senão será o caos no país e ninguém quer isso a não ser arrivistas e vigaristas. Enquanto ia ao banheiro, depois de fazer palestra, o ministro da educação, Ricardo Véllez, ainda tentando se equilibrar no cargo, disse que não vai deixar o ministério.

Sem falar com a imprensa, o ministro Paulo Guedes, que fez uma palestra de 50 minutos e depois participou dos debates frisando que não há mais para onde ir senão enfrentar os problemas. Guedes disse que se o problema é o gasto público, é preciso abrir os números. Segundo Guedes, a previdência tem R$ 750 bilhões de déficit neste ano e a conta não fecha é para todos os regimes tanto o de militares quanto de civis. “Vamos mudar os regimes de repartição que são geneticamente condenados. Com 10% da população de idosos já estamos com uma previdência insustentável”, afirmou. “Imagina quando a população de 46 milhões de brasileiros que vão envelhecer e não estão contribuindo porque estão na economia informal?”, acrescentou.

O sistema está quebrado o sistema é inviável, criticou Guedes. Ele acredita que os deputados não vão demorar um ano discutindo a reforma e espera que a matéria esteja pronta para aprovação no final do primeiro semestre ou início do segundo.

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, preferiu não falar em prazos para a votação e a aprovação da reforma. Ele disse que a população precisa entender a reforma - idade mínima, a aliquota progressiva, aposentadorias especiais - que são temas polêmicos. “Se a população entender, o plenário e os deputados estarão a favor”, disse. Para Maia, dar prazo e dar número de votos é sempre dar errado. “Quando trata de número tem vitória e derrota ao mesmo tempo. Tem que trabalhar bom ambiente de debate na Câmara”, apontou.

Guedes se referiu ao Brasil como um avião que tem duas bombas a bordo: uma das bombas é o problema demográfico e a segunda bomba é a forma perversa como o regime é financiado se referindo aos encargos trabalhistas como o Sistema S que ele voltou a criticar. Sob aplausos de empresários, Guedes disse que “encargo trabalhista é desumano, é uma arma de destruição em massa”. O ministro criticou o cinismo do Sistema S: destrói 20 milhões, 30 milhões de empregados e depois lança um afago à sociedade dizendo que está treinando 200 mil crianças. O ministro ainda atacou o Sistema S dizendo que se recolhem 100 gastam 20 com educação e pegam 80 para financiamento político e para comprar prédio no Rio e ter dinheiro em caixa. “Primeiro destruíram empregos agora vai treinar o filho do trabalhador que desempregou? É uma função social questionável. A forma de financiamento está errada”, frisou. Para ele, indústrias e empresários podem assumir a liderança.

Tchuchuca

Com elogios ao presidente Bolsonaro a quem ele exemplificou com determinação e patriotismo, energia de enfrentar um atentado, Guedes passou para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que ele disse conhecer de política e que tem desempenho marcante na Câmara. Depois, Guedes se referiu a Doria a quem tem liderança atuante, com reuniões construtivas e depois lançou-se na direção de David Alcolumbre, presidente do Senado, que tem dado total apoio as reformas. Tudo para se justificar: ”Se as principais lideranças do país estão comprometidas com as reformas, eu vou ter medo de quê? Medo de perder a paciência depois de 6 ou 7 horas e me cansar e tratar com um certo desrespeito quem me desrespeitou? Acontece”, explicou, sob aplausos, a troca de farpas na Comissão de Constituição e Justiça onde foi chamado de tchuchuca e tigrão no trato da reforma. Guedes disse não ter a menor dúvida de que os parlamentares vão enfrentar o problema de frente da reforma.

Sobre os debates da previdência caminharem para um outro nível e bem acima de palavras como o tchchuca e tigrao daqui pra frente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o importante é aprovar a admissibilidade da previdência.  Maia disse que o ambiente mais quente do parlamento não é a primeira vez que acontece. “Depois de seis horas (de debate) uma brincadeira acima da média do necessário gerou uma reação muito dura do ministro como ele falou hoje. Acho importante conseguir aprovar a admissibilidade na comissão especial que é a comissão técnica e aprofundar o debate ouvindo a opinião dos que são contra para que desmonte teses que não são verdadeiras de que não há deficit, de que não precisa de reforma e mostrar que a reforma vai reorganizar Estados e municípios e o governo federal”, acredita.

Para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a reforma da previdência passa no Congresso, Ele disse que discussões como as que tem ocorrido na Câmara como a que aconteceu na Comissão de Constituição e Justiça não influenciam em nada o sucesso da reforma da Previdência. Para Salles, as concessões que o governo terá que fazer virão em reparos, mas que isso é natural no processo.

Depois de 30 anos de alianças de centro esquerda a democracia foi numa aliança de conservadores liberais, o ministro Guedes disse que o país vai ser governado por uma aliança de centro-direita. Ele afirmou que houve excesso em falta de valores e princípios e houve uma reação conservadora que disse “chega”.

O presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia, defendeu ainda o sistema de capitalização como um modelo correto e que gera equilíibrio na previdência. Além disso, Maia disse que a população não está entendendo ainda a idade mínima, a alíquota progressiva. E que é preciso mostrar as contas para resolver o equilíbrio fiscal. “O Estado brasileiro vai entrar em colapso, vai deixar de prestar os serviços e deixar de pagar os salários dos servidores em três a quatro anos se nada for feito”, alertou.

O presidente do Senado, David  Alcolumbre, disse que é fundamental o presidente Jair Bolsonaro liderar esse processo da reforma da previdência e liderar o diálogo como presidente do pais. Muitos desencontros, de acordo com Alcolumbre, foram resultado da falta desse encontro entre o presidente e partidos. “(Bolsonaro) precisa ouvir as lideranças políticas e não se trata da velha ou da nova política o que vai definir o futuro dos mais de 200 milhões de brasileiros. O presidente tem que capitanear e liderar e construir base concreta e sólida”, afirmou.

O presidente do Banco Bradesco, Octavio de Lazari, gostaria que a reforma da previdência estivesse com uma tramitação mais rápida para sinalizar que o país, a quem ele chama de um grande transatlântico, estivesse em crescimento. Para o presidente do Banco Bradesco, a reforma vai dar sinais positivos para o investidores e os recursos virão. Sobre os juros bancários, Lazari disse que eles já estão abaixando e se a taxa básica Selic continuar em baixa as taxas de juros diminuirão para o consumidor.

Para o ex-ministro da indústria e comércio, Luiz Fernando Furlan, para ganhar o campeonato precisa ganhar as primeiras partidas, por isso a necessidade da reforma da previdência primeiro. “A geração de emprego é a última que vai acontecer no país, tem que aumentar primeiro a demanda das empresas e o crescimento da economia”, disse Furlan que é presidente do Lide.