A deputada federal Áurea Carolina teve o nome referendado pelo PSOL em convenção realizada na noite dessa segunda-feira (31) à disputa ao Executivo de Belo Horizonte. O encontro, que ocorreu de forma virtual e fechado para a imprensa na confirmação dos nomes, indicou o nome de Léo Péricles, presidente nacional da Unidade Popular, como vice na chapa de Áurea.

Em um breve discurso, mas sem apresentar propostas, já que essas seriam discutidas na parte fechada da convenção, Áurea ressaltou a chapa formada por negros e se disse “emocionada e honrada” com os apoios prestados durante o encontro. A deputada, que foi mãe em fevereiro deste ano, falou das dificuldades postas pela maternidade.

A escolhida pelo PSOL para disputar a PBH também falou sobre as desigualdades raciais e declarou que a chapa encabeçada por ela tem a possibilidade “concreta de corrigir as distorções e de fazer as reparações” relacionadas à raça. Ela também relembrou a trajetória política e lembrou de como, junto a aliados, “entregou a vida para um projeto maior”, se referindo à candidatura.

A coligação, que foi nomeada “Frente de Esquerda BH Socialista” e conta ainda com o PCB, deve ter cerca de 50 nomes na disputa à Câmara Municipal de Belo Horizonte, mas de forma independente, já que a aliança não é mais permitida na disputa ao Legislativo. Única legenda da Frente com convenção realizada, o PSOL aprovou 29 nomes na disputa ao Legislativo, 18 homens e 11 mulheres.

Em contato com a reportagem, Léo Péricles, escolhido como vice na chapa majoritária, avaliou a composição como uma grande oportunidade. “Para nós da UP, que somos o mais novo partido político do Brasil e obtivemos nosso registro em dezembro de 2019, estar compondo essa chapa é uma grande oportunidade para apresentar um programa de transformações estruturais de nossa cidade, a favor dos trabalhadores e trabalhadoras, das periferias e do povo pobre, negro, as mulheres, LGBTQIA+, e todos e todas que não tem vez e nem voz em BH. É também a oportunidade de frear a ascensão de candidaturas de extrema direita e fascistas e ao mesmo tempo combater as muitas insuficiências da atual gestão”, apontou.

A convenção da UP está marcada para o próximo dia 9 de setembro. A presidente municipal da sigla, Mariana Fernandes, antecipou que o partido deve lançar oito candidatos nas eleições proporcionais com três mulheres.  Mariana lembrou que a UP, enquanto movimento social antes de ser um partido, apoiou Áurea na campanha para vereadora em Belo Horizonte quatro anos atrás. A formação de chapa com um nome de peso como da deputada federal traz, na visão de Mariana, “mais visibilidade e melhores perspectivas” para a legenda na disputa ao Legislativo, apesar de ressaltar que o foco principal é fortalecer o partido recém-criado.

Presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros afirmou que Áurea Carolina tem “todas as condições” de mudar o cenário atual e de cumprir as mudanças porque ela “além de ter boas propostas, tem coração de quem quer transformar a cidade, tem paixão pelo povo e pela cidade de Belo Horizonte”. “Tenho certeza que vai ser uma grande prefeita, uma grande líder”, concluiu.

Apesar de não comporem a frente de esquerda, o PT e o PCdoB enviaram representantes para a convenção. O presidente petista em Belo Horizonte, Guima, afirmou que as restrições recentes que impedem as coligações “gera uma necessidade dos partidos terem as suas próprias chapas”. Por isso, o petista justificou a não participação na frente, mas ressaltou que as legendas têm lutas e plataformas comuns.

Jô Moraes, presidente do PCdoB no Estado, também citou a restrição eleitoral para justificar a ausência da legenda no primeiro momento e garantiu apoio em caso de segundo turno. “Estaremos juntos no segundo turno, precisamos somar forças para fazer Belo Horizonte avançar, por isso quero agradecer o convite, é simbólico nós todos estarmos juntos”, declarou.

Embora tenha o nome aprovado em convenção, a candidatura de Áurea Carolina só será confirmada de forma oficial após o registro junto ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais.