O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiu à decisão da Polícia Federal, que o indiciou, nesta quarta-feira (20/8), por suspeita de coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O parlamentar classificou a operação, que também indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como “lamentável” e “vergonhosa”. 

"É lamentável e vergonhoso ver a Polícia Federal tratar como crime o vazamento de conversas privadas, absolutamente normais, entre pai e filho e seus aliados. O objetivo é evidente: não se trata de justiça, mas de provocar desgaste político”, declarou Eduardo, em publicação na rede social X.

O parlamentar, que é alvo de um inquérito provocado por sua atuação nos Estados Unidos, defendeu que a atuação em solo norte-americano “jamais teve como objetivo interferir em qualquer processo em curso no Brasil”. “Sempre deixei claro que meu pleito é pelo restabelecimento das liberdades individuais no país, por meio da via legislativa, com foco no projeto de anistia que tramita no Congresso Nacional”, afirmou.

Eduardo disse causar espanto a ele que a PF aponte os partícipes do que chamou de “crime absolutamente delirante” sem, segundo ele, identificar os autores. “Se a tese da PF é de que haveria intenção de influenciar políticas de governo, o poder de decisão não estava em minhas mãos, mas sim em autoridades americanas, como o presidente Donald Trump, o Secretário Marco Rubio ou o Secretário do Tesouro Scott Bessent. Por que, então, a PF não os incluiu como autores? Omissão? Falta de coragem?”, questionou.

O deputado defendeu ainda que, por residir atualmente nos Estados Unidos, estaria amparado pela legislação local. “Vivo sob a jurisdição americana e, portanto, plenamente amparado pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que assegura não apenas a liberdade de expressão, mas também o direito de peticionar nossas demandas ao governo que rege a nossa jurisdição”, manifestou. 

Investigação teve acesso a conversas entre Bolsonaro e Eduardo

Parte do relatório da PF é amparada em diálogos entre o ex-presidente e Eduardo por WhatsApp. Em um deles, ocorrido em julho, o deputado federal chegou a afirmar que ambas teriam que se decidir entre “ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia ou enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num (regime) semiaberto”.

De acordo com a PF, a conversa, dias antes de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a sobretaxa de 50% às exportações brasileiras, evidenciaria que “a real intenção dos investigados não seria uma anistia para os condenados pelos atos golpistas realizados no dia 8 de janeiro de 2023, mas, sim, interesses pessoais” do ex-presidente atrás de “impunidade”. 

Mais tarde, no mesmo dia, Eduardo se referiu à primeira manifestação de Trump em que chama de  “caça às bruxas” o julgamento onde Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado como “amparo” e ainda admitiu que conseguiu o apoio do presidente norte-americano “a duras penas”.

Para a PF, o deputado federal, assim, teria confirmado “sua ação consciente e voluntária” junto à Casa Branca por medidas contra o Brasil com a “finalidade de coagir autoridades brasileiras, em especial ministros do STF que atuam nas ações penais que apuram a tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”. (Com Gabriel Ferreira Borges)