O PT anunciou, nesta quarta-feira (6), que ingressará com uma ação de notícia-crime contra o deputado federal Cabo Júnio Amaral (PL) na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados. Nessa terça, o parlamentar publicou um vídeo nas redes sociais em que manuseava uma arma de fogo enquanto respondia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O partido solicita a abertura de um processo ético disciplinar sob a justificativa de quebra de decoro parlamentar de Amaral. 

O TEMPO teve acesso à representação a ser encaminhada pelo PT à Comissão de Ética. De acordo com o partido, a falta de decoro parlamentar seria configurada por "uma clara ameaça de morte ou de causação de outro mal violento, tanto ao presidente Lula, quanto a qualquer cidadão que ousar manifestar-se, democraticamente", em frente à casa de Amaral. "Os fatos narrados consistem em ato intolerável e de extrema gravidade", avalia o PT. A representação é assinada pela presidente nacional, Gleisi Hoffmann, e pelos deputados federais Reginaldo Lopes e Rogério Correia. 

Além de apontar eventual quebra de decoro parlamentar, o PT alega que a postura do deputado federal tipificaria crimes comuns, ou seja, previstos no Código Penal, como, por exemplo, ameaça, incitação ao crime e apologia de crime ou criminoso. "Numa reação desproporcional, autoritária, odiosa, totalmente incompatível com o que se espera de um deputado federal, o representado (Cabo Junio Amaral) responde à fala do presidente Lula fazendo expressa ameaça, consistente em receber, tanto o presidente, quanto ventuais cidadãos, com uma arma de fogo totalmente carregada, a indicar que poderia matá-los ou lesioná-los", argumenta o partido.

No vídeo, o deputado respondeu a uma declaração dada por Lula no congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na última segunda. Na oportunidade, o ex-presidente apontou alternativas aos presentes para pressionar os parlamentares. “Os deputados têm casa. Se a gente pegasse, mapeasse o endereço de cada deputado e fosse com 50 pessoas na casa do deputado… não é para xingar não, é para conversar com a mulher dele, conversar com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Acho que surte muito mais efeito do que vir fazer manifestação em Brasília”, afirmou Lula.

Ao respondê-lo, Amaral convidou o pré-candidato à presidência a visitá-lo em casa, quando ainda criticou a administração da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), onde mora. “Moro em Contagem, cidade governada pelo PT, inclusive. Na região do Ressaca, bairro Cabral. A rua principal tem por volta de 10 a 15 buracos, por volta do 8º buravo você pega a esquerda, já é minha rua, que também tem de 15 a 20 buracos, por volta do 11º ou 12º buraco você vai ver minha casa. Pergunta a Marília, ela conhece as ruas e os buracos do Cabral, ela pode te orientar. Eu vou esperar vocês e sua turma lá. Vai lá conversar com minha esposa e com a minha filha. Vocês serão muito bem vindos”, disse, enquanto manuseava uma arma.

Questionado, Amaral afirmou que o vídeo foi uma resposta "à ameaça que Lula fez a deputados que não são da sua facção". "Não há no vídeo qualquer fato que caiba inquérito e imputação de algum crime. O artigo 24 do Código Penal me garante defesa proporcional a mim e a minha família, assim como meu direito de manifestar por isso. A casa é asilo inviolável de qualquer cidadão, conforme a Constituição Federal", defendeu.

Matéria atualizada às 12h57