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Apesar do clima tenso, Abel vira porta-voz no Cruzeiro: 'vamos guerrear'

Treinador foi uma espécie de 'escudo' para o grupo celeste em um dos momentos mais complicados nos bastidores da Toca

Josias Pereira| @superfcoficial
02/10/19 - 06h30

Um dia de tensão na Toca. A reportagem do Super FC tomou conhecimento ainda no início da tarde de um possível protesto da maior organizada do clube. A princípio, a manifestação ocorreria na porta da sede administrativa, mas a reportagem constatou que um grupo de cerca de 25 torcedores se organizavam para ir à Toca. Os detalhes do protesto não eram conhecidos, até que durante o treinamento comandado por Abel Braga, o primeiro já pensando na partida contra o Internacional, os torcedores conseguiram forçar um dos portões do CT celeste, passarem pelas quadras de tênis e ganharem o campo onde a atividade acontecia. 

O treinamento logo foi interrompido, com muita agitação e fogos de artifício sendo lançados no campo. Uma invasão dessa proporção não acontecia na Toca desde a era Paulo Bento. A instabilidade logo tomou conta do local, com os seguranças do clube tentando evitar a aproximação dos torcedores ao grupo de jogadores. As reclamações tinham alvos específicos, como o meia Thiago Neves, o zagueiro Dedé, além do lateral Edílson e o meia Robinho. A Polícia Militar chegou ao local para controlar a situação. Parte dos torcedores foi rendida, enquanto os líderes da organizada, após toda a tensão no campo, partiram para a academia do clube para uma conversa com os líderes do elenco. 

Fábio, Léo, Henrique e Rafael, ainda no campo, se apresentaram para conversar com os torcedores, assim como Abel, que evitou uma ação mais ríspida da PM com os torcedores rendidos. O treinador conversou com os cruzeirenses e prometeu a reação na tabela de classificação. Abel ainda voltou a dar o treinamento na Toca e conversou com a imprensa sobre a situação. 

“O que nós precisamos, não estamos aqui para ficar contestando nada, torcedor conversou da melhor maneira possível, de forma educada. Eles, claro, no auge da da emoção expuseram aos atletas o que eles tinham vontade sem agredir, falei para eles que não é a melhor maneira. Melhor maneira é se combinando alguma coisa para fazer porque teve que paralisar um treinamento que já estava ocorrendo. Isso não é bom”, disse o técnico, que salientou a postura do elenco em meio à crise. 

“Não é bom torcida ficar brigando com torcida porque a torcida é toda azul. Nós todos estamos vestidos de azul. Porque amanhã qualquer participação diferente a nível de jogo você pode perder o mando de campo. Então isso engloba um monte de fatores que nós podemos trazer coisas positivas, mas a partir do momento que a gente não deixa extrapolar nem tanto a emoção e não só o sentimento. Então o que eles (torcedores) gostam dessa camisa, os jogadores também gostam, se não eles não tinham conquistado o tanto que conquistaram aqui. Foi muito boa a participação dos atletas naquilo que eles conversaram com os torcedores. Se encerra, pra nós isso não vai interferir em nada, porque Independentemente disso ter acontecido, no campo não vai faltar alma, entrega, dedicação e ir no limite. Contra o Goiás todos foram no limite. Claro que saí chateado com a derrota porque eu sei o que eles fizeram, como fizeram para ganhar o jogo. Não estou falando do VAR, se o gol foi mal anulado ou não, mas vocês viram a nossa comemoração e aquilo deu uma gelada. Mas está todo mundo em pé, e nós, como queremos esse apoio, vamos guerrear com qualquer adversário, para a gente procurar sempre o melhor para o Cruzeiro”, concluiu Abel. 

A invasão repercutiu em todo o Brasil e foi transmitida ao vivo nas redes sociais da organizada do Cruzeiro. Ouvidos pela PM, os torcedores foram liberados. Esse foi só mais um capítulo no ambiente de “nitroglicerina” que vive o Cruzeiro, que já tinha vivido uma semana agitada após a eliminação na semifinal da Copa do Brasil, com protestos na casa do presidente Wagner Pires, do vice de futebol Itair Machado e também do diretor geral Sergio Nonato, além das sedes campestre e administrativa e também da própria Toca II. Itair Machado, inclusive, estava no CT do Cruzeiro no exato momento do corre-corre e deixou o campo acompanhado por funcionários do clube.

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