É impossível, para o torcedor do Cruzeiro que viu, esquecer a grande final da Copa do Brasil de 2000. O histórico jogo do dia 9 de julho daquele ano teve doses altas de drama, emoção e lágrimas, culminando com o tricampeonato da Raposa no torneio. Um dos grandes personagens daquele histórico Cruzeiro 2 x 1 São Paulo, no Mineirão, o ex-atacante Geovanni relembra momentos dentro do jogo que emocionou a China Azul e entrou para a história celeste.

Na época com 20 anos, ainda garoto, Geovanni estava em campo na decisão, de onde viu a Raposa levar 1 a 0 em pleno Mineirão - gol de falta de Marcelinho Paraíba-, após empatar por 0 a 0 no Morumbi. Como na época havia o critério do gol marcado fora de casa, o tento são-paulino obrigava o Cruzeiro a virar o jogo, com apenas mais 24 minutos por jogar. 

“O Marcelinho bate a falta, ela passa por cima do André, tinha muita gente na frente dele. Realmente foi um momento muito difícil. A gente tinha ali 17 minutos para virar o jogo”, relembra. Aos 35 minutos, Fábio Júnior empatou para a Raposa. Faltava um gol para a taça. E aos 45 minutos do segundo tempo, veio a falta que mudaria a história da decisão, a um passo da risca da grande área. E foi o próprio Geovanni quem sofreu a falta, cometida por Rogério Pinheiro. 

“Se o Rogério Pinheiro não faz a falta, como Rogério Ceni estava saindo do gol, eu ia entrar com bola e tudo. Acho que nem o pênalti, pela minha velocidade, ele ia fazer. Eu falei: ‘Deus, essa é a última oportunidade que temos no jogo’. Se eu errasse ali, praticamente o São Paulo era campeão, já que o Rogério ia fazer cera”, relata.

Geovanni conta que queria bater colocado. Mas, como ele próprio disse, ouviu a “voz da experiência" de Müller, e decidiu por uma cobrança mais forte. O experiente armador, inclusive, precisou insistir para que Geovanni o escutasse.

“Eu queria bater essa falta colocado, e o Müller falou ‘Geovanni, bate forte’. Aí ele sai da bola, está meio nervoso. Eu me posiciono para bater mais colocado, ele vem de novo, fica nervoso e diz: ‘Você vai ter que bater forte essa bola’. Ele estava nervoso demais. Eu disse ‘Vou obedecer, se não vou apanhar no vestiário’. É um momento mágico a falta. Depois, na comemoração, quase caio no fosso, com o Oséias me abraçando. Na hora em que fiz o gol, é algo incrível”, rememora.  

Geovanni exalta todo o elenco que participou da conquista. Porém o grande personagem do título, para ele, estava no banco de reservas, com seus cabelos grisalhos, naquele que seria seu último jogo no comando do Cruzeiro. 

“Marco Aurélio (técnico do Cruzeiro na época) foi muito ousado. Faltando 20 minutos e você coloca quatro atacantes? O único que marcava mais era eu. Müller já não tinha essa capacidade toda, o Oséias e o Fábio Júnior eram centroavantes, camisas 9, não iam fazer isso. Ele coloca o Marcos Paulo na lateral, ficou o Viveros na lateral esquerda, Kléber, Cris, Donizete e Ricardinho. Marco Aurelio fez uma jogada de mestre. Ele tem o dedo nesse título, foi muito ousado, colocou o Cruzeiro para frente. E destaco também o torcedor, que jogou o tempo inteiro com a gente. Mesmo depois do gol eles jogaram junto. Nunca mais vai sair da memória do torcedor cruzeirense”, garante.