Orgulho LGBTQIAP+

Contra intolerância, Cruzeiro apoia Michelle Mara: 'Mulher trans e cruzeirense'

No combate a LGBTfobia, Cruzeiro divulga história de Michelle Mara, 'mulher trans e cruzeirense': Ou lutamos contra ou somos parte do problema

Por Frederico Teixeira
Publicado em 28 de junho de 2022 | 11:53
 
 
Além do amor pelo Cruzeiro, Michelle também segue firme na luta contra a LGBTfobia no futebol Twitter Cruzeiro/Reprodução

No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado  nesta terça-feira (28), o Cruzeiro também procurou fazer sua parte na luta para diminuir a intolerância de gênero. Em suas redes sociais, o clube destacou a história de vida de Michelle Mara, 'mulher trans e cruzeirense'.

"Hoje o Cruzeiro, orgulhosamente, traz a história da Michelle 
@marafenomeno, uma mulher cruzeirense e transgênero. Por que não simplesmente respeitar, se é o amor maior pelo Cruzeiro que nos une? LGBTfobia: ou lutamos contra ou somos parte do problema", destacou o clube em uma de suas postagens.

Em vídeo produzido pelo "Marias de Minas", coletivo de torcedores LGBTQIA+ do Cruzeiro que luta contra a LGBTfobia no futebol, Michelle relatou um pouco de sua história de superação, que sempre contou com o apoio da mãe e, claro, a paixão pelo Cruzeiro.

🏳️‍🌈 No Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, o Cruzeiro dará diversas demonstrações de apoio. Mas, além do apoio, é preciso colocar o dedo em feridas que são criadas por todos nós.

Não tem Dia do Orgulho sem que repensemos como a ausência de respeito machuca repetidamente. pic.twitter.com/3dXiVgAIet

— Cruzeiro 🦊 (@Cruzeiro) June 28, 2022


"Minha mãe me ensinou a amar o time do Cruzeiro, toda essa história. Jogadores vem, jogadores vão, mas o Cruzeiro fica. Eu gosto é do Cruzeiro", destacou Michelle.

Mas no mundo do futebol, ainda manchado por muito machismo e preconceito, Michelle revelou ter sofrido muitas vezes nos estádios.

"Já fui ameaçada de morte, já fui assediada várias vezes, impedida de entrar em alguns locais por conta da aparência. Teve uma vez que, quando eu estava saindo do banheiro, alguns torcedores ficaram gritando: 'olha lá o transviado'", relatou.

Mas nem isso a fez desanimar e Michelle continua acompanhando as partidas do Cruzeiro. No vídeo divulgado pelo clube, ela e a mãe encerram cantando a música Maria, Maria, de Milton Nascimento.

"Mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria, mistura a dor e a alegria".

A escolha da música não foi por acaso. De forma pejorativa, muitas vezes os torcedores do Cruzeiro são chamados por adversários de 'Maria', sempre com um viés negativo relacionado a sexualidade. 

Julgamento

Recentemente, o Cruzeiro foi denunciado no STJD em função de cânticos homofóbicos de parte de seus torcedores durante a partida contra o Grêmio, no Independência, disputada no dia 8 de maio.

O clube corria o risco até de perder pontos na Série B do Brasileiro. Para não ser punido, propôs um acordo, que foi homologado pelo STJD: pagará uma multa de R$ 30 mil, sendo R$ 15 mil em medida de interesse social e R$ 15 mil para a CBF.

O Cruzeiro também fará uma série de ações em busca de conscientizar os seus torcedores. Entre elas, constam utilização de Braçadeira de capitão e bandeirinhas de escanteio nas cores do arco-íris; postagens nas redes sociais e no site oficial do clube, reuniões com torcidas organizadas e participação de jogadores com mensagens a respeito do tema para serem exibidas no telão do estádio em dia de jogos.

No jogo desta terça-feira, a mensagem para o torcedor será passada pelo zagueiro Eduardo Brock. "O direito de ser quem quiser, de amar quem quiser, independente de gênero ou orientação sexual merece uma defesa implacável. LGBTfobia. Ou lutamos contra ou somos parte do problema", afirmou o capitão celeste em vídeo divulgado pelo clube nas redes sociais e que também será exibido no telão do Mineirão.
 

Ou lutamos contra, ou somos parte do problema! ✊️🦊#DiaDoOrgulho 🏳️‍🌈

🎥 @marcoferraz85 / Cruzeiro pic.twitter.com/V6I3Md2cam

— Cruzeiro 🦊 (@Cruzeiro) June 28, 2022

Gestor da Raposa, Ronaldo também já havia dado o recado durante uma de suas lives, dizendo que torcedor homofóbico não é bem-vindo aos jogos do Cruzeiro: "Quero lembrar a vocês que é um problema muito sério, é crime, e o torcedor homofóbico não é bem-vindo aos jogos do Cruzeiro. Além de cometer um crime, vai estar prejudicando seu time. Recado para o cruzeirense e para todos. Não podemos mais tolerar esse tipo de comportamento. Vamos cumprir nossa obrigação, conscientizar o torcedor, isso não é bem-vindo nos nossos estádios", cravou o Fenômeno.