Mais do que admirar as obras de Oscar Niemeyer, os skatistas brasileiros Pedro Barros e Murilo Peres foram despertados pelo desejo de usar os carrinhos, companheiros de muitas horas do dia, para percorrer as obras do maior arquiteto brasileiro de todos os tempos. A ideia que podia parecer absurda se concretizou com as gravações que aconteceram antes da pandemia do novo coronavírus. O que inspirava os skatistas eram os traços do arquiteto, suas curvas e ondulações, a projeção criativa, que permite espaços amplos e perfeitos para o rolê.
Foi este o motivo que inspirou o filme 'Sonhos concretos - o skate encontra Niemeyer", que foi ao ar na última quarta-feira no canal Red Bull TV. A dupla percorreu algumas das obras mais famosas de Niemeyer em cinco cidades brasileiras: Brasília, Niterói, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
Na capital mineira, o local escolhido foi a Cidade Administrativa, com o rolê passando pelo Palácio Tiradentes e o heliponto logo ao lado, a mais de 20 metros de altura. A transição entre os dois prédios foi feita com saltos de mais de 3 metros de distância.
"Uma das coisas mais memoráveis é essa coisa lúdica, parece que estou vivendo um sonho. Esses lugares só eram imagináveis para o skate nos sonhos mais profundos. Não é algo que acontece no dia a dia, é muito inovador. Viver isso é mágico. Olhar para as pessoas que trabalham nesses locais sorrindo enquanto andávamos de skate é muito especial, porque, de certa forma, acredito que foi para isso que Niemeyer projetou essas obras - para a interação das pessoas. Poder reinterpretar as obras de Niemeyer com o skate é memorável", analisa Barros.
A realização do filme teve ajuda fundamental da Fundação Oscar Niemeyer, que autorizou a gravação das cenas. "A proposta de interação entre os skatistas e a obra de Oscar Niemeyer desde o início nos pareceu uma ideia incrível. Antes de tudo, existe uma forte identidade entre o universo deste esporte e a arquitetura de Niemeyer e seus valores. A irreverência, a liberdade, a busca por desafios, a criatividade em cada movimento, tudo isso está na essência do skate, assim como na obra de Niemeyer, feita de curvas e gestos livres, bela e surpreendente, assim como um rolê de skate", afirma Carlos Ricardo Niemeyer, Superintendente Executivo da Fundação.
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A cada visita, os atletas pareciam se surpreender cada vez mais com o feito que estavam realizando, cientes de que tais ações eram para poucos. "Posso dizer que realizei um sonho ao andar nas obras de Niemeyer. Nunca imaginei que isso seria possível, e é incrível o quanto ele contribuiu para o skate mesmo sem saber disso. Cada momento foi inesquecível", comenta Murilo Peres.
“Se eu fosse um arquiteto e pudesse desenhar obras, faria apenas tudo que fosse ‘skatável’, para conseguir andar em tudo. De certa forma, Niemeyer fez isso há muitos anos. São tantas linhas, tantas curvas… parece que ele andava de skate e não sabia”, diz Pedro Barros em um dos trechos do filme.
Assista abaixo ao filme