Dana White Contender

Zé Colmeia leva assassinato de técnico como motivação para entrar no UFC

Lutador de MMA de Belo Horizonte lembra do tempo dos treinos improvisados no bairro Santa Terezinha em BH em momento decisivo da carreira

Por Daniel Ottoni
Publicado em 29 de julho de 2019 | 08:00
 
 
Zé Colmeia segue invicto após sete lutas Dudu Macedo

Uma perda inesperada e irreparável serve de combustível para o lutador Rodrigo 'Ze Colmeia', que terá uma chance de ouro na próxima terça-feira. Em disputa que terá transmissão do canal Combate, ele enfrenta o checo Michal Martnek no programa Dana White Contender, que leva o nome do proprietário do UFC e que busca novos talentos para o maior evento de MMA do mundo. 

Em 2012, seu amigo e treinador Éverton Rabelo de Andrade, o "Brow", responsável por lhe apresentar o mundo das lutas, foi vítima de assassinato, deixando uma lacuna na vida do atleta de Belo Horizonte. A cada vez que entra no octógono, Zé Colmeia, de 26 anos, se inspira no responsável por transformar sua vida. A primeira delas após o crime aconteceu apenas dois dias depois, obrigando Zé Colmeia a ter uma esforço mental para render bem. Até aqui, ele não sabe o que é perder, com cartel de sete lutas e sete vitórias (seis como profissional). "Ele foi um dos momentos mais difíceis que precisei enfrentar", admite. 

O encontro dos dois aconteceu por acaso e um convite despretensioso rendeu uma transformação para o lutador mineiro.  "Eu frequentava uma lan house com uns 16 anos, em 2011, perto de uma pedaria onde ele trabalhava como segurança. O convite me foi feito, aceitei pra nunca mais deixar a luta de lado. Comparecia de domingo a domingo, gostei daquilo na hora. Lembro que treinávamos de forma improvisada em uma quadra de futebol no Conjunto Cojam, no meu bairro (Santa Terezinha, região da Pampulha, zona norte de Belo Horizonte). Ele emprestava uma luva velha de boxe, prendíamos com saco plástico para amarrar. Foi ali que tudo começou. A gente treinava descalço, era uma ajuda voluntária que fez a diferença na minha vida. Não sei onde estaria hoje se não fosse por ele ", conta o belo-horizontino.

Ele ficava muito bravo quando a luva molhava, com medo dela estragar", lembra, sorrindo. Do grupo de garotos, apenas dois aproveitaram bem a oportunidade, com o restante da turma traçando outros rumos. Entre as várias conversas, uma ficou marcada. "Eu tinha o apelido de gigante. Ele me disse que no dia que eu soubesse o meu tamanho, ninguém mexeria mais comigo. Ele não se referia a tamanho física, mas na questão de ter valores. É algo que vou levar até o fim da minha vida", relata. 

Carência nos peso-pesados faz categoria chamar atenção

Por mais que a vitória seja importante, o que mais vale no reality show é convencer Dana White. "Acho que ele terá uma atenção especial com a categoria peso-pesado, que está carente de atletas dentro do UFC, assim como o Brasil. Quero ser um novo ídolo do esporte de BH e do país, sou um representante da nova geração", afirma. 

Há mais de seis meses que Zé Colmeia sabe que vai enfrentar o adversário. "Eu o estudei muito. Ele é um cara duro, mas que nunca foi tirado da zona de conforto nas lutas. Agora será diferente, ele vai precisar dançar do meu jeito. O jiu-jitsu, uma especialidade minha, será uma das armas para vencer e convencer", avalia o lutador da Gracie Barra. Há dois meses nos EUA, Zé Colmeia fez o camping final na American Top Team, academia que conta com referências como Edson Barboza, Amanda Nunes e Júnior Cigano.