Encontro de Gestores

Governo lança o Ano da Cozinha Mineira e fala em parceria para exportar produtos

Codemge criaria as condições para comercializar nossa mineiridade no exterior; série de ações vão nortear a promoção de nossa culinária no Brasil e no exterior

Por Paul Campos
Publicado em 12 de março de 2024 | 21:30
 
 
A marca Cozinha Mineira, com os produtos e símbolos de Minas Gerais formando letras Foto: Paulo Campos

Os sabores, saberes e aromas da cozinha mineira vão ultrapassar as fronteiras de Minas e do Brasil em 2024. Nesta terça-feira, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG), lançou o “Ano da Cozinha Mineira – Clássica e Contemporânea” durante o 6º Encontro de Gestores de Cultura e Turismo de Minas Gerais, no Palácio das Artes. Como o Grande Teatro Cemig lotado, o evento contou com apresentação do compositor e multi-instrumentista Marcus Viana e participação via online do jornalista e apresentador Zeca Camargo. Na ocasião, foi apresentada a nova marca da cozinha mineira, com elementos como a bandeira mineira, o milho, o queijo e o café formando as letras, e a nova subsecretária de Cultura, Nathalia Larsen. “Nós teremos o ano da cozinha mineira clássica e contemporânea para poder trabalhar de forma clara no Brasil e no exterior essas duas vertentes”, afirmou o secretário Leônidas Oliveira.

O gestor da cultura e turismo também anunciou a parceria entre Secult-MG, Subsecretaria de Comunicação Social (Subsecom), agência Invest Minas e Codemge para fortalecer a internacionalização de Minas. Oliveira reclama que nossos produtos, como cachaça, cafés especiais, queijos, doces, azeites e até água mineral, ainda não ganharam o mercado internacional. “O queijo só é exportado para a Inglaterra, os doces, para lugar nenhum. Dos cafés especiais, nenhum ganhou o mercado lá fora. Temos o Invest Minas, mas não tempos o Exporta Minas”, lamenta. Na parceria, Subsecom e Secult exibirão os produtos nas feiras, o Invest Minas continuará atuando na atração de investimentos e a Codemge criará a política para dar as condições para exportar os “produtos da mineiridade”. Oliveira reconhece que, para isso, é preciso primeiro vencer as barreiras impostas pela legislação brasileira. “A partir de agora, o produtor terá a Codemge como aliado”, disse.

Entre as ações que vão nortear as políticas públicas no “Ano da Cozinha Mineira – Clássica e Contemporânea” estão a participação de chefs e produtores mineiros nos principais eventos nacionais e internacionais; a produção de evento na Semana da Gastronomia Mineira; a realização do 1º Seminário de Cozinha Mineira Contemporânea em agosto em Tiradentes; a capacitação de empresários e empreendedores do setor de gastronomia e de pequenas empresas de alimentação nas rotas gastronômicas do Estado; o cadastramento de festivais de gastronomia, cerca de 400 ao todo, e dos chefs renomados e premiados de cada cidade; a atualização do Plano Estadual da Cozinha Mineira; a categorização das Instâncias de Governança Regional (IGRs) e a pontuação de municípios na realização de festivas e eventos da cozinha mineira no ICMS Turístico.

Preparação

O Ano da Cozinha Mineira é, segundo Oliveira, uma preparação para um evento no início de dezembro, a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco, que poderá inscrever os modos de fazer do Queijo Artesanal Minas (QMA) como patrimônio mundial. Recentemente, a culinária mineira foi eleita como a melhor do Brasil e uma das 30 melhores do mundo pelo site norte-americano The Taste Atlas. “A gente já atrai turistas naturalmente para nossas cidades barrocas, para a Cordilheira do Espinhaço, para cachoeiras e lagos. E quando perguntamos aos turistas sobre Minas, nossa cozinha mineira sempre é citada. Por esse motivo, estamos todos trabalhando para fortalecer esse que é o maior ativo que Minas tem”, destaca o secretário, justificando que essas ações também fortalecem a agricultura familiar.

Feiras

Desde o início deste ano, a culinária mineira marca presença em festivais internacionais – foi exibida na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) e na ITB Berlin em fevereiro. E deverá ser promovida em outras 17 feiras nacionais e 15 eventos internacionais, sempre contando com a presença de um chef convidado. Em abril, o Estado participa da Specialty Coffee Expo Chicago, exibindo os cafés especiais e as rotas turísticas cafeeiras recém-criadas do sul de Minas e do Cerrado; da WTM Latin America, em São Paulo, com a participação do chef Léo Paixão e cozinha-show com o vice-governador Mateus Simões; e da Minas Travel Market, em Belo Horizonte. Para as ações de promoção ao longo do ano, a Secult-MG conta com as parcerias da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), Sebrae Minas, Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Frente Mineira de Gastronomia, Fecomércio-MG, Abrasel-MG e de diversas faculdades de gastronomia.

O sucesso da cozinha mineira nessas feiras internacionais é um estímulo a mais para a promoção. Na BTL, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Almeida, a definiu como “um sonho”. Ao denominar a cozinha mineira como clássica e contemporânea, o governo estadual também espera mostrar não somente clássicos como feijão-tropeiro, tutu à mineira e frango com quiabo, mas complementar essa grandeza histórica com um o viés contemporâneo assumido pelos novos chefs, cozinheiros e cozinheiras, que aproveitam as referências clássicas com a lógica da gastronomia francesa. “É fundamental hoje a gente compreender a cozinha mineira contemporânea. Quem fala que nossa cozinha é pesada não conhece sua totalidade, porque imagina que ela está fundamentada na cozinha de montanha, forte, invernal, sem conhecer os desdobramentos da fartura de nossas mesas, em torno dos quitutes e quitandas”, salienta.