Palermo deu origem a outros dois bairros: Palermo Soho e Palermo Hollywood. Como em Vila Madalena, em São Paulo, Soho, o bairro velho, é dominado por becos de street art. Caminhado por suas ruas, depara-se com muitas livrarias, lojas de decoração, de designers e de moda. A Praça Serrano, na esquina entre calles Honduras e Jorge Luis Borges, é a referência gastronômica. Há restaurantes e pubs bons como Niño Gordo, Brujas (@brujasargentina), La Cabrera e Sheldon.
Do lado de Soho, está Palermo Hollywood, apelidada de Bagdá pelo cantor Charly Garcia, em referência ao famoso bairro de Los Angeles (EUA), por concentrar as produtoras multimídias, cinema e TV. A inventividade portenha originou outros Palermos: Queens (paraíso das outlets), Dead (próxima ao cemitério), Sensible (pela variedade de clínicas), Nuevo (bosques), Pacífico (nome da ponte) e Las Cañitas (onde existia uma fazenda). só para citar alguns. Explicando melhor: a "palermização" de Buenos Aires se deu por questões meramente imobiliárias.
Com a barriga vazia, atravesse a avenida Córdoba, em direção a Villa Crespo e Chacarita, que ficam ao lado de Palermo Hollywood. Os dois bairros se firmaram como novos points gastronômicos. É impressionante a multiplicação de espaços charmosos, descolados e com culinária diversificada na região. Uma boa dica é o bucólico Chuí, que combina jardins com atmosfera moderna. A pizzaria oferece entradas. sanduíches, doces e, é claro, pizzas, tudo em boas porções para duas pessoas.
Minha dica é o delicioso abacate queimado, kimchi e leite de tigre ou o hummus de ervilha, hortelã, extra virgem da Patagônia como entrada. Continue com a polenta branca, chimi de folhas amargas, parmesão orgânico, emende logo depois uma pizza vegetariana de brócolis, hortelã, ricota, patagonzola e reggianito e finalize com chocolate, morangos, pesto de manjericão e menta e azeite como sobremesa. Um detalhe: tudo assado em um forno de barro e com a opção de assistir o preparo.
Em Palermo, o Mengano (@mengano) é um bistrô elegante com releituras gourmets de receitas clássicas de bodegas argentinas. É comida para ser compartilhada. Os pratos vêm à mesa em pequenas porções para que se possa experimentar um pouco de tudo: empanadas suculentas de carne picante, tonatto de pepino tapenade, suflê de nhoque com chipa, croquetes de milho e muito mais. Para a experiência ficar completa, os platitos e as sobremesas são harmonizados com vinhos Sacrum Garnacha, do Vale do Uco, RD Malbec, da Bodega Tacuil, e um orgânico da vinícola Piedra Negra.
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Mercados
Se a intenção é visitar um mercado, ali perto está o Mercat Villa Crespo (@mercatvillacrespo), um complexo com mais de 30 quiosques de comidas de rua diferentes, ou o Abasto, na avenida Corrientes, a Times Squarte portenha, referência à região de Nova York que reúne teatros e casas de espetáculos. Nas ruas transversais à Corrientes, estão muitas lojas, uma espécie de rua 25 de março de Buenos Aires. Para chegar até lá, a maneira mais fácil é pegar o subte (metrô) e descer na estação Carlos Gardel.
Mas se quer sentir-se como um portenho, a Pizzeria Las Cuartetas (Facebook/Las Cuartetas) é um clássico na hora do almoço, com suas pizzas, calzones, empanadas e sanduíches. Pode-se comparar às nossas pizzas de rua, uma comida rápida e barata para se degustar entre um passeio e outro. Há, ainda, os bodegones (aqui seriam nossos botecos), de comida farta, simples e caseira e com ótimos preços.
Festas
Durante a permanência em Buenos Aires, fui premiado com uma ida à edição gastronômica do Food Wine & Experience, no elegante Palacio Duhau, no hotel Park Hyatt Buenos Aires. O evento "Desde El Origen" reuniu chefs renomados — Manuela Donnet, Julio Baez, Pedro Bargero, Antonio Bautista, Kenyi Heanna, Christian Diaz, Maximiliano Danilewicz, Paulo Maroni e Santiago Elkin —, que exibiram suas criações em tendas espalhadas pelo espaço. Os comensais degustavam as receitas, acompanhadas de um bom vinho. Doze bodegas de Mendoza ofereciam a bebida em taças. O interessante é que os chefs utilizavam insumos fornecidos por produtores locais, respeitando a qualidade, as características e procedência de cada um.
Programas como esse são caros, reconheço, mas a experiência é única. É o caso da churrascaria Don Juilo, eleito um dos 50 melhores restaurantes da América Latina no Latin America's 50 Best. O restaurante de Pablo Rivero utiliza o gado Aberdeen Angus e Hereford, criado nos Pampas argentinos; O segredo, segundo o chef Juan Madero, é a qualidade do gado e atenção com o animal no campo até o cuidado com a carne, colocafa na câmara frigorífica por dias até atingir a maturidade.
No pequeno espaço do Don Julio, lotado de clientes até a porta, o chef exibe os cortes no balcão. Na parrilla, todo o processo respeita as tradições e cocções argentinas. A câmera frigorífica guarda cerca de 7 toneladas de carne e fica a uma quadra do restaurante. De acordo com Madero, a carne só pode permanecer ali por 28 dias. O churrasco vem à mesa de maneira simples, acompanhado de aspargo, cebola, queijo provolone na grelha, batata doce e cebolinha verde, sem sofisticação, mas com muito sabor.