Uma fábrica da Tesla, na Alemanha, adotou uma prática inusitada que está rendendo muitas críticas. Gerentes da montadora de carros elétricos foram enviados para a casa de funcionários que estava de licença médica para 'checar se estavam realmente doentes'. A atitude causou revolta no sindicato da categoria e repercutiu na mídia.

Segundo a imprensa internacional, a ideia por trás da 'visita surpresa' era de lutar contra o absenteísmo, que segue crescendo na fábrica de Berlim. André Thierig, diretor de produção, afirmou que a taxa de afastamentos por razões médicas aumentou para 17% em agosto de 2024. Em 2023, a porcentagem era de 5,2% no mesmo mês. No local, que é chamado de "Gigafactory" (fábrica giga, em inglês), trabalham cerca de 12 mil pessoas.

“Não toleraremos que algumas pessoas se 'virem do avesso' para outras que simplesmente não têm vontade de trabalhar”, disse Thierig ao site alemão Handelsblatt. “Não há espaço nesta fábrica para pessoas que 'não saem da cama de manhã', completou.

Ao menos 30 pessoas receberam as tais visitas, e algumas delas regiram com hostilidade. Alguns bateram a porta 'na cara' dos gestores, enquanto outros ameaçaram chamar a polícia.

Jornada intensa pode ser causa de tantos afastamentos

Se de um lado a Tesla defende a atitude do diretor, do outro, o sindicato repudia. Além disso, os representantes dos trabalhadores afirmaram à imprensa que, na fábrica em questão, há uma "cultura do medo" que permeia o ambiente.

O sindicato alegou existirem condições de trabalho não-ideais, com horários “excessivamente” longos e questões que afetam a saúde e a segurança dos trabalhadores.

“Funcionários de quase todas as áreas da fábrica relataram uma carga de trabalho extremamente elevada”, disse Dirk Schulze, diretor regional do sindicato. “Quando há escassez de pessoal, os trabalhadores doentes ficam sob pressão e aqueles que permanecem saudáveis ​​ficam sobrecarregados com trabalho adicional. Se os supervisores da fábrica realmente querem reduzir o nível de doenças, deveriam quebrar este círculo vicioso", completou Schulze.

O dono da Tesla, Elon Musk, se manifestou em suas redes sociais sobre o que considera um 'exagero' de atestados. Em sua rede social X, da qual também é dono, ele afirmou que "iria investigar o caso".