Centenas de pessoas protestam, nesta segunda-feira (29), em bairros populares de Caracas, capital da Venezuela, contra a contestada reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. "E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!", gritavam, debaixo de chuva, manifestantes na gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. "Entregue o poder já!", exclamavam outros.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou na madrugada desta segunda que Maduro teria ganhado com 51,2% dos votos e que Edmundo González teria reunido 44,2%. Estariam contados 80% dos votos. Nenhum detalhamento foi dado.
Os lemas dos manifestantes foram entremeados pelo "Liberdade, liberdade!", que caracterizou a campanha da oposição, que não reconheceu a reeleição de Maduro e denunciou uma fraude nas eleições presidenciais de domingo. Vários países, inclusive Brasil, Colômbia e Estados Unidos, também questionaram a eleição.
Os manifestantes, jovens em sua maioria, também queimaram cartazes de campanha com o rosto de Maduro. Eles levavam bandeiras, panelas e instrumentos de percussão para acompanhar os gritos de protesto.
"Fechamos os negócios e começamos a protestar, nos sentimos decepcionados, isto não reflete a realidade, nós votamos contra Nicolás", disse, revoltada, Carolina Rojas, uma comerciante de 21 anos.
"Saímos [às ruas] porque houve fraude", disse outro manifestante, que se identificou apenas como David, de 40 anos. "Estão chamando o Exército, mas é preciso protestar".
Em Catia, outro setor popular do outro lado da cidade, foi registrada outra manifestação, acompanhada de perto por policiais e pela tropa de choque da Guarda Nacional. Os protestos começaram pela manhã e foram subindo o tom ao longo do dia.
Paralelamente, Maduro foi proclamado oficialmente pelo CNE, de viés governista. "Que ninguém vá tentar bagunçar o país (...) Paz para a Venezuela", disse Maduro, no poder desde 2013, que havia alertado para um "banho de sangue" caso a oposição ganhasse as eleições.
(AFP)