Em reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, neste domingo (22/06), o secretário-geral da organização, António Guterres, criticou os ataques dos Estados Unidos contra o Irã realizados neste sábado (21/06).

"O Tratado de Não-Proliferação é uma pedra angular da segurança e da paz internacional e o Irã precisa respeitá-lo completamente. Todos os Estados-membros precisam agir de acordo com suas obrigações na Carta da ONU e outras regras do direito internacional. Mas a paz não pode ser imposta, precisa ser escolhida", afirmou Guterres.

Ninguém, nem a agência de energia nuclear da ONU, tem condições de avaliar os danos provocados à instalação de Fordow, de acordo com o diretor órgão, Rafael Grossi, que também fez declaração durante a reunião. Ele disse que não há sinais de vazamento radioativo nos locais atingidos.

Para o diretor, qualquer intervenção de força contra o programa nuclear do Irã joga contra o plano de longo prazo para que o país persa não desenvolva usos militares para seu plano de enriquecimento de urânio. "Não vamos deixar que a janela de diplomacia se feche e que o regime de não proliferação falhe", afirmou Grossi.

A reunião do órgão máximo da ONU, que tem sido criticado pela sua paralisia diante da proliferação de conflitos no mundo, foi convocada horas após a entrada dos Estados Unidos na guerra de Israel contra o Irã - contando a Guerra da Ucrânia envolvendo a Rússia, agora são 2, dos 5 membros permanentes do conselho, diretamente envolvidos em conflitos.

Nove dias depois de o Estado judeu iniciar o ataque contra o rival, neste sábado, o presidente Donald Trump anunciou o ataque de bombardeiros americanos a três instalações do programa nuclear da teocracia persa.

"Nós completamos nosso muito bem-sucedido ataque. Um complemento inteiro de bombas foi lançado no alvo primário, Fordow", escreveu o americano na rede Truth Social. "Nenhuma outra força armada do mundo poderia fazer isso. AGORA É TEMPO PARA A PAZ", escreveu, com as usuais maiúsculas.

Depois, replicou uma postagem que dizia: "Fordow já era". Esta é a primeira ação de grande porte dos EUA contra seu maior rival no Oriente Médio, que tornou-se uma hostil República Islâmica em 1979. Antes, houve diversos entrechoques pontuais.

A primeira resposta do Irã ao inédito ataque dos Estados Unidos a suas instalações nucleares foi a intensificação de suas barragens de mísseis balísticos contra Israel, o aliado a quem Donald Trump se uniu contra Teerã. Mas a teocracia promete revidar contra Washington e consultará o aliado Vladimir Putin sobre a crise.

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A China, outro membro permanente do Conselho de Segurança, criticou o ataque de Washington. Para o Ministério das Relações Exteriores chinês, a ação do governo Trump violou a Carta da ONU, que estabelece princípios das relações internacionais a serem cumpridos pelos Estados-membros.

A China instou as partes do conflito, especialmente Israel, a cessarem os ataques o mais rápido possível e iniciarem diálogo e negociações. Na reunião, o representante chinês disse que a diplomacia para resolver a questão nuclear iraniana ainda não foi esgotada, por isso ainda há esperança para uma solução pacífica.