As equipes que tentam resgatar a brasileira Juliana Marins, 26, que caiu em um penhasco no entorno do vulcão Rinjani, na Indonésia, relataram que o helicóptero que poderia ser utilizado nas buscas não conseguiu chegar ao local devido às condições climáticas. "Não é fácil e rápido como pensamos", informou, em nota publicada nas redes sociais, a direção do Parque Nacional do Monte Rinjani.

A turista está presa no penhasco desde sexta-feira (20/6). O uso de helicóptero é perigoso devido à baixa visibilidade. O parque também anunciou nesta terça-feira (24) que a rota para o cume do vulcão foi temporariamente fechada para agilizar a operação de resgate "Pedimos a compreensão e cooperação de todas as partes para o bom andamento desse esforço humanitário", diz o informe sobre o fechamento.

Segundo informações da família de Juliana, há muitas autoridades presentes na região em que estão concentradas as equipes, "reforçando a urgência e o compromisso no resgate". A família disse ainda que existem três planos em vigor no momento para tentar salvar a brasileira e confirmou a impossibilidade de uso do helicóptero.

"Ainda não chegamos em Juliana", informou comunicado da família, no meio da tarde na Indonésia, madrugada no Brasil. Segundo o Itamaraty, funcionários da embaixada brasileira na capital Jacarta acompanham os trabalhos.

O pai de Juliana Marins disse que está a caminho do país asiático e espera voltar com sua filha viva. Ele fez o comentário em uma publicação no Instagram do presidente Lula (PT), nesta segunda-feira.

"Agradeço ao senhor e ao Ministério das Relações Exteriores, além da embaixada na Indonésia, pelos esforços. Estou a caminho daquele país e espero voltar com minha filha viva", escreveu Manoel Marins Filho.

Manoel também agradeceu aos amigos e "pessoas que eu nem conhecia" pela mobilização em torno do resgate. Depois, nos stories, ele relatou dificuldades para chegar à Indonésia. No início da tarde desta segunda, quando pousou em Lisboa, capital portuguesa, para uma escala, foi informado que não poderia seguir viagem porque o espaço aéreo do Qatar está fechado devido ao ataque do Irã contra bases dos Estados Unidos na região.

Por volta das 6h30 desta terça, ele afirmou em sua rede social que estava embarcando para Bali. "Graças a Deus estamos embarcando agora para Bali, já prestes a entrar no avião. São praticamente dez horas de voo daqui até lá. Graças a Deus as coisas estão acontecendo. Vou pedir a vocês que continuem orando pela Juliana, para o resgate dela. Para que ela esteja bem e possa voltar conosco para o Brasil, bem, sã e salva. Orem por Juliana", disse.

TRILHA É CONSIDERADA DIFÍCIL

A trilha seguida pela publicitária brasileira Juliana Marins, 26, até o vulcão Rinjani, na Indonésia, é uma das mais populares do país asiático. A 3.726 metros de altitude, o monte está localizado na ilha de Lombok e é o segundo maior do país.

O trajeto até o cume do vulcão pode levar até quatro dias, segundo informações do Parque Nacional do Monte Rinjani e de agências de montanhismo locais.

A publicitária iniciou o trajeto na sexta-feira (20), quando caiu a cerca de 300 metros da trilha. Ela faria a escalada até domingo.
A vista de cima do vulcão Rinjani é uma das principais atrações do Parque Nacional do Monte Rinjani, área preservada de 41 mil hectares que atrai turistas de todo o mundo. Dentro do monte, a caldeira do vulcão, com mais de 50 quilômetros quadrados, guarda o lago Segara Anak, uma fonte termal natural.

É possível chegar ao local por duas cidades, Senaru e Sembalum.
Para fazer a trilha, os visitantes precisam de um alto nível de preparo físico, diz o parque, acrescentando, em sua página oficial, que visitantes já morreram por não seguirem as recomendações e preparos sugeridos.

Normalmente, a escalada até o entorno da cratera dura dois dias e uma noite - trajeto que seria feito por Juliana-, mas também é possível fazer a caminhada com até quatro dias e duas ou três noites de duração.

Agências locais oferecem o serviço de guia para grupos de diferentes tamanhos. Durante o trajeto, há postos na região para descanso e alimentação. A brasileira teria contratado uma empresa local chamada Ryan Tour.

O parque ainda recomenda que o trajeto seja feito com guias certificados. Quem preferir pode alugar equipamentos em um dos centros disponíveis aos arredores da montanha - nesses casos, o viajante precisa assinar um termo de responsabilidade.

Ainda na página oficial, o Parque Nacional do Monte Rinjani diz que a HPI (Associação de Guias Licenciados, em português) emite certificação para os guias do Monte Rinjani, no entanto, ressalta que o padrão de certificação e o treinamento exigido para os profissionais locais não são tão rigorosos quanto outros países.

"Acidentes graves, incluindo fatalidades, ocorrem em trilhas no Rinjani conduzidas por esses guias", completa.

Para a escalada, são sugeridas botas, jaquetas impermeáveis e lanterna para cabeça. Para quem pretende alcançar o topo do vulcão, o parque aconselha utilizar bastões de caminhada. Por causa da altitude e variações de umidade no local, a temperatura durante o trajeto da trilha pode chegar a 4ºC.

Nas redes sociais, montanhistas e entusiastas relatam dificuldade para acessar o topo do monte. Parte relata dificuldades causados pela poeira, especialmente nos meses de junho e agosto, e pelo trajeto escorregadio na subida. O último registro de erupção do vulcão é de 2010, segundo informações do Parque Nacional do Monte Rinjani.