Horas após o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que um acordo de cessar-fogo entraria em vigor na guerra entre Irã e Israel, o chanceler iraniano, Abbas Araghchi, negou a informação de Tel Aviv fez mais bombardeios contra Teerã na noite desta segunda-feira (23), madrugada de terça (24) no horário local. Em suas redes sociais, Araghchi escreveu que não há um acordo formal de cessar-fogo entre os países. Segundo ele, contudo, Teerã está disposto a interromper os ataques desde que Israel também cesse suas investidas militares.

"Até o momento, não há acordo sobre qualquer cessar-fogo ou interrupção das ações militares", escreveu o chanceler. "No entanto, caso o regime israelense suspenda sua agressão ilegal contra o povo iraniano até as 4h, no horário de Teerã, não temos a intenção de continuar com nossas respostas após esse prazo."

Momentos antes, as Forças Armadas de Israel tinham emitido uma ordem de retirada para bairros na região central de Teerã - uma tática já usada por Tel Aviv na Faixa de Gaza e que é descrita pelo Irã como "terrorismo psicológico". Depois, novas explosões foram registradas na capital iraniana.

Anúncio de trégua

A trégua foi anunciada por Trump após vários dias de troca de fogo aéreo. O presidente americano disse que o acordo começaria a valer em 6 horas, na madrugada de terça em Brasília, com um período inicial de 12 horas sem ataques iranianos. Cumprido o prazo, acrescentou o republicano, Israel faria o mesmo. De acordo com um funcionário da Casa Branca que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, o acordo para o cessar-fogo teria sido alcançado após conversas diretas de Trump com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, além de negociações com autoridades iranianas conduzidas por integrantes do governo americano, incluindo o vice-presidente, J.D. Vance, o secretário de Estado, Marco Rubio, e o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Ainda segundo o funcionário, Israel teria concordado com a trégua desde que o Irã não voltasse a atacar. O anúncio do suposto acordo então foi feito por Trump horas após os dois lados ameaçarem novas ofensivas, aumentando ainda mais a crise no Oriente Médio. No fim de semana, os EUA bombardearam instalações nucleares subterrâneas no Irã. Em resposta, o Irã lançou nesta segunda mísseis contra uma base aérea americana, numa ação que não deixou vítimas.

A decisão tomada por Trump sobre atacar o Irã causou desconforto em parte da sua base política, especialmente entre os mais radicais, que defendem o não envolvimento dos EUA em conflitos externos. A mediação do cessar-fogo, portanto, poderia ajudar Trump a conter essas críticas.

O presidente teria conduzido as negociações para a trégua no Salão Oval, na Casa Branca. Netanyahu, que há tempos pressionava por uma ação militar mais contundente contra o Irã, teria apoiado o acordo após as conversas com Trump. De acordo com o funcionário ouvido pela Reuters, o presidente demonstrou moderação e reafirmou que o foco de sua política externa continua sendo a proteção dos interesses de Washington na região.