A morte de Juliana Marins, 26, na trilha do vulcão Rinjani, na Indonésia, consternou familiares, amigos e uma imensa rede de seguidores que foi construída desde que as buscas pela publicitária começaram, no último sábado (21/06). A brasileira ficou quatro dias isolada na trilha do vulcão, presa em um penhasco rochoso.

Natural de Niterói, município vizinho ao Rio de Janeiro, Juliana se formou em publicidade pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trabalhou em empresas de comunicação com artistas e se aproximou, nos últimos anos, do práticas de meditação, como o budismo, e de atividades físicas, especialmente o pole dance.

Foi na aula de pole dance que Patrícia Nate, 35, conheceu Juliana, há dois anos. Uma amizade para não mais largar, segundo ela. "É minha melhor amiga dos últimos anos" diz.

"A Ju tinha quase dez anos a menos do que eu, mas o pole dance entrou para nós no mesmo momento, com o mesmo significado. É uma atividade muito estigmatizada, e superamos o estigma no mesmo momento. Vivenciamos o significado do pole dance juntas", afirma Patrícia.

A amizade se estendeu ao crossfit, e dali para a rotina diária.
"É muita atividade de muito esforço físico, muita força, mas também uma jornada intensa sobre lidar com o próprio corpo. Essa obsessão pelo pole dance nos aproximou".

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Juliana ajudou a idealizar o primeiro festival de pole dance em Niterói e era esperada para o evento, que ocorreria em novembro. Há três semanas, já na Ásia, comentou que estaria "mais confirmada que o palco". Patrícia não tem mais certeza se o evento será realizado.

Juliana deixou o Brasil em fevereiro para um mochilão por países do Sudeste Asiático, como Filipinas, Tailândia e Indonésia.
A trilha indonésia tem duração de três dias.

O drama de Juliana começou na sexta-feira (20/06), depois de ela cair durante a trilha que fazia para chegar até o cume do vulcão. Segundo a família, ela teria relatado que estava cansada durante o trajeto e o guia teria dito para ela descansar enquanto o grupo seguiu caminhando. Sozinha, a turista teria caído em um local íngreme, de difícil acesso.

A notícia da queda de Juliana gerou espanto no círculo de amizade, seguido de extensa mobilização. Dois amigos que não quiseram ter seus nomes divulgados disseram ter pedido folgas e licenças no trabalho para ajudar na divulgação e pressão com autoridades brasileiras e estrangeiras.

O perfil criado pela irmã, Mariana Marins, para centralizar as informações chegou a 1,3 milhão de seguidores em três dias. A divulgação das informações e as correntes pelo resgate envolveram anônimos, celebridades e políticos.

A irmã, em São Paulo, tornou-se a interlocutora com as autoridades da Indonésia e do Brasil e a porta-voz das informações. O pai de Juliana viajou no fim de semana para a Indonésia, na esperança de acompanhar o resgate. Ele ainda não chegou ao país.

Ao todo, 48 pessoas de diversos órgãos estavam envolvidas na operação de resgate da turista brasileira. Mais cedo, na terça (24/06), foi tentado novamente o uso de um helicóptero, mas condições climáticas impediram a chegada até ela.

Nas primeiras horas após a divulgação da queda, familiares receberam a notícia de que a brasileira já estaria recebendo agasalhos e alimento. Poucas horas depois, porém, a história teve uma reviravolta. A família afirmou à reportagem que Juliana estava sem nenhum tipo de apoio, teria saído do local onde havia sido avistada e estava desaparecida. Os parentes criticaram também a demora no resgate.

Na terça-feira, durante a manhã no horário local, as atividades ficaram concentradas na descida direta até onde Juliana está, utilizando técnicas de resgate vertical, embora o terreno e o clima do penhasco ainda representem grandes desafios.

No período da tarde (no horário da Indonésia), sete socorristas conseguiram se aproximar do local, mas tiveram que parar e acampar devido ao anoitecer. Somente às 8h locais (18h de Brasília) as autoridades do país anunciaram que a equipe havia chegado ao local onde o corpo de Juliana estava para dar início ao resgate do corpo.