O guia Ali Musthofa, que acompanhava a jovem Juliana Marins no percurso até o topo do vulcão Rinjani, na Indonésia, prestou depoimento em uma investigação da polícia local que apura as circunstâncias da morte da brasileira. O corpo de Juliana chegou a São Paulo no fim da tarde desta terça-feira (1º), seis dias após ser resgatado, e deve passar por uma nova autópsia.
Em seu depoimento, Musthofa negou ter sido negligente no acidente fatal sofrido pela brasileira, que morreu após cair cerca de 600 metros do Monte Rinjani. Ele prestou depoimento no âmbito de um inquérito instaurado pela polícia de Lombok, ilha onde fica o Rinjani.
O guia admitiu que orientou Juliana a descansar enquanto ele permaneceu na trilha, mas nega que a tenha abandonado. Entretanto, o pai de Juliana, Manoel Marins, acusa Musthofa de negligência, porque ele teria deixado sua filha sozinha para ir fumar. Ao Fantástico, da TV Globo, Manoel disse que o próprio guia lhe disse que se afastou por cerca de dez minutos de Juliana, e quando retornou não a viu mais.
Além do guia, outras pessoas também prestaram depoimento. Entre elas, um dos voluntários que atuou no resgate da brasileira, um policial florestal, além de outras testemunhas não especificadas.
A polícia de Lombok apura a possível existência de "algum elemento criminoso" na morte de Juliana. "Até o momento, não há nenhum suspeito em específico determinado. Por enquanto, estamos concentrados em coletar informações e depoimento de testemunhas", informou o chefe da operação, I Made Dharma Yulia Putra. O caso é acompanhado de perto pela Embaixada do Brasil na Indonésia.
Pai aponta culpados
O pai da brasileira, Manoel Marins, alega que se o guia tivesse acompanhado a jovem, o fim dela poderia ser outro. Manoel também culpa a direção do parque pela demora em acionar a Defesa Civil da Indonésia. Ao Fantástico, ele afirmou que "o culpado maior" é a administração do parque, além do guia e da empresa responsável pela expedição.
"Os culpados, no meu entendimento, são o guia, que deixou Juliana sozinha para fumar, 40 ou 50 minutos, tirou os olhos dela. Também tem a empresa que vende os passeios, porque esses passeios são vendidos em banquinha como sendo trilhas fáceis de fazer. Mas o primeiro culpado, que eu considero o culpado maior, é o coordenador do parque. Ele demorou a acionar a Defesa Civil", disse Manoel Marins, ao Fantástico.
O guia Ali Musthofa, porém, nega que tenha culpa no acidente trágico. Em entrevista ao jornal O Globo, na semana passada, ele alegou que se afastou de Juliana por no máximo "três minutos", mas quando voltou não a encontrou mais.
Musthofa relatou que percebeu que ela havia caído por causa de uma lanterna. "Vi a luz de uma lanterna em um barranco a uns 150 metros de profundidade e ouvi a voz dela pedindo socorro. Eu disse que iria ajudá-la. Tentei desesperadamente dizer a Juliana para esperar por ajuda", disse ele ao O Globo.