O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na noite desta terça-feira (22) que chegou a um acordo comercial "enorme" com o Japão e que vai impor tarifas de 15% sobre o país, uma redução em relação aos 24% anunciados em abril..
Trump disse que o país asiático abrirá seus mercados para carros e arroz americanos, que foram pontos de divergência durante as negociações entre os aliados. Apesar da redução, a taxa é maior que a temporária de 10% que estava em vigor durante as negociações.
"Acabamos de concluir um acordo enorme com o Japão, talvez o maior já feito", publicou Trump em sua plataforma Truth Social nesta terça. "O Japão abrirá seu país para o comércio, incluindo carros e caminhões, arroz e certos produtos agrícolas, e outras coisas. O Japão pagará tarifas recíprocas aos Estados Unidos de 15%", escreveu.
Trump também afirmou que o Japão investirá mais de US$ 500 bilhões nos EUA, criando centenas de milhares de empregos, além de estabelecer uma parceria para produção de gás natural liquefeito no Alasca. Os futuros da Nikkei, a Bolsa japonesa, saltaram 1,7% após o anúncio.
Outros acordos
O acordo com o Japão foi acompanhado de outros com a Indonésia e as Filipinas, que conseguiram reduzir as tarifas impostas sobre suas exportações em troca de uma redução das taxas sobre produtos americanos importados.
Em acordo celebrado na semana passada, mas detalhado nesta terça-feira (22), a Indonésia concordou em eliminar tarifas sobre mais de 99% de produtos dos EUA e abolir todas as barreiras não tarifárias, segundo comunicado divulgado pelos dois países.
Os EUA reduzirão as tarifas sobre a maior economia do Sudeste Asiático de 32% para 19%. A taxa é igual à anunciada para as Filipinas também nesta terça, que prometeu zerar as tarifas sobre produtos americanos, segundo publicação de Trump no Truth Social. A taxa para o Vietnã foi fixada em 20%.
Os acordos com o Japão, a Indonésia e as Filipinas estão entre os poucos alcançados até agora pelo governo americano antes do prazo de 1º de agosto, quando as taxas mais altas sobre dezenas de países devem entrar em vigor. O governo brasileiro, alvo de sobretaxa de 50%, estuda diversas medidas para fazer frente ao tarifaço de Trump.
Trump afirmou em rede social que o acordo com a Indonésia representa uma vitória para montadoras, empresas de tecnologia e trabalhadores americanos.
Segundo uma declaração conjunta emitida pelos países, Jacarta interromperá algumas inspeções de produtos agrícolas americanos que entram no país. Os dois lados também "trabalharão juntos" para que a Indonésia reconheça as regras americanas sobre segurança de automóveis, medicamentos e produtos farmacêuticos.
Jacarta também deve abandonar os controles de exportação de commodities industriais e minerais críticos enviados aos EUA, segundo o comunicado.
Trump publicou a notícia do acordo com as Filipinas depois de se reunir com o presidente do país, Ferdinand Marcos, no Salão Oval.
"Foi uma bela visita e concluímos nosso acordo comercial, pelo qual as Filipinas vão abrir mercado aos Estados Unidos e zerar as tarifas. As Filipinas pagarão uma tarifa de 19%", disse Trump, chamando Marcos de "negociador muito bom e duro".
O acordo com a Indonésia marca a primeira vez que Trump conseguiu pressionar com sucesso um parceiro comercial a se comprometer a eliminar uma série de barreiras não tarifárias, um dos principais objetivos de suas tarifas.
As negociações entre Jacarta e Washington também devem envolver a compra pela Indonésia de US$ 3,2 bilhões em aeronaves americanas, junto com US$ 4,5 bilhões em produtos agrícolas, incluindo soja, trigo e algodão, e US$ 15 bilhões em produtos energéticos.
Os dois países disseram que negociariam regras de origem para garantir que os benefícios do acordo sejam principalmente para os EUA e a Indonésia, não para países terceiros.
A Indonésia também concordou em se juntar ao Global Forum on Steel Excess Capacity e tomar medidas para enfrentar o excesso de capacidade global no setor siderúrgico.
Este é o primeiro acordo desde que Trump enviou cartas a mais de 20 parceiros comerciais há duas semanas, incluindo o Brasil, ameaçando aplicar novos níveis tarifários se não houver acordo até 1º de agosto.
A tarifa de 19% para as Filipinas ficou um pouco abaixo dos 20% ameaçados por Trump no início deste mês, mas acima da tarifa de 17% estabelecida em abril.