Testes de DNA realizados no Reino Unido confirmaram que familiares de vítimas do acidente aéreo da Air India receberam restos mortais de passageiros desconhecidos em vez de seus entes queridos. A troca dos corpos foi identificada pela legista britânica Fiona Wilcox após análises genéticas com amostras fornecidas pelas próprias famílias. Até o momento, dois casos foram oficialmente confirmados, embora autoridades britânicas investiguem a possibilidade de mais ocorrências.
Os erros na identificação foram descobertos por exames de DNA realizados no Reino Unido. Uma família precisou cancelar o funeral após ser informada que o corpo no caixão não pertencia ao seu familiar. No segundo caso identificado, restos mortais de mais de uma pessoa foram encontrados no mesmo recipiente. Segundo informações do jornal britânico Daily Mail, a situação tem causado profundo sofrimento adicional às famílias que já enfrentam o trauma da perda.
A confusão pode ter acontecido nos procedimentos realizados na Índia, especificamente no Hospital Civil de Ahmedabad, onde os corpos foram levados para reconhecimento após o acidente.
O desastre aéreo ocorreu em 12 de junho de 2025, quando o voo AI171 da Air India, que decolou de Ahmedabad com destino ao Aeroporto de Gatwick em Londres, perdeu potência segundos após deixar o solo. O Boeing 787 Dreamliner caiu, resultando em 241 mortes a bordo e pelo menos outras 38 pessoas que faleceram em terra.
James Healy-Pratt, advogado britânico especializado em aviação que representa as famílias afetadas, explicou que em um dos casos, após a separação dos materiais genéticos misturados, uma das vítimas pôde ser identificada e enterrada corretamente. Os parentes da segunda vítima ainda aguardam a repatriação do corpo correto.
"Eles não têm ninguém para enterrar, porque a pessoa no caixão não era seu familiar. E, se não é parente deles, quem está naquele caixão? Presume-se que é outro passageiro, cujos familiares também receberam os restos errados", declarou o advogado ao "Daily Mail".
Das 261 vítimas oficialmente contabilizadas no acidente, 52 eram cidadãos britânicos. Muitos corpos foram cremados na Índia, mas ao menos 12 foram repatriados ao Reino Unido.
Equipes locais de polícia, bombeiros e da força estadual de resposta a desastres coordenaram as operações de resgate dos corpos no local da queda em Ahmedabad.
Um relatório preliminar divulgado em 11 de julho revelou que os interruptores de fornecimento de combustível para os motores foram movidos da posição "ligado" para "corte" antes do impacto. Os investigadores documentaram que, após essa alteração, a tripulação tentou retornar os interruptores para a posição de funcionamento, momento em que os motores aparentemente começaram a recuperar potência, mas não o suficiente para evitar o acidente.
O relatório também revelou que "na gravação de voz da cabine, ouve-se um dos pilotos perguntar ao outro por que havia cortado o fornecimento de combustível. O outro piloto respondeu que não o havia feito". Nos momentos finais antes do impacto, "um dos pilotos transmitiu 'MAYDAY MAYDAY MAYDAY'", enquanto os controladores de tráfego aéreo, que testemunharam a colisão, acionaram imediatamente os serviços de emergência.
Os responsáveis pela investigação não recomendaram medidas adicionais para os operadores ou fabricantes dos motores do B787-8 e/ou GE GEnx-1B, sugerindo que não foram encontrados problemas técnicos com os motores da GE ou com a aeronave da Boeing.
Uma investigação conjunta entre os governos da Índia e do Reino Unido está em andamento para apurar os erros na identificação e repatriação. Ainda não se sabe quantos outros casos de troca de corpos podem ter ocorrido além dos dois confirmados.
A expectativa é que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, aborde o assunto com o premiê indiano, Narendra Modi, durante a visita de Estado do líder indiano à Grã-Bretanha nesta semana.