A Coca-Cola alterará sua receita nos EUA, trocando o xarope de milho de alta frutose pelo açúcar de cana, após ceder a pressões do presidente Donald Trump. Afinal, quem manda na marca de refrigerantes?
A Coca-Cola Company é uma empresa de capital aberto que possui 3.514 acionistas, segundo o índice Nasdaq. No entanto, cerca de 59,9% destas ações estão pulverizadas entre milhares de donos.
Dos outros 40,1%, o acionista majoritário é a gigante de seguros, energia e varejo Berkshire Hathaway, que possui 9,29% da empresa. Seu CEO é o megainvestidor e o quinto homem mais rico do mundo, Warren Buffett, que já anunciou sua aposentadoria aos 94 anos para o fim de 2025.
Conhecido como o "Oráculo de Omaha", Buffett transformou uma fabricante têxtil decadente em um gigante avaliado em US$ 1,1 trilhão (R$ 6 trilhões). O negócio têxtil deixou de existir em 1985, mas nesta quinta-feira (24) a companhia incorpora fatias expressivas em empresas como a própria Coca-Cola, além de American Express, Apple e o Bank of America.
A Berkshire também é dona de negócios inteiros, como a seguradora Geico, a fabricante de baterias Duracell e a rede de lanchonetes Dairy Queen. A empresa é considerada um retrato da economia americana e uma vitrine do estilo de investimento que tornou Buffett um mito. O empresário deverá ser sucedido pelo canadense Greg Abel, presidente de um dos negócios do grupo, a Bekshire Hathaway Energy.
Outras duas empresas controlam fatias expressivas da Coca-Cola Company: o Vanguard Group Inc., com 8,39%, e a Blackrock Inc., com 7,26%. A Vanguard é tida como a maior gestora de fundos de investimentos do mundo. Seus principais investimentos, por meio da compra de ações, são em companhias de tecnologia nesta quinta-feira (24): Apple, Microsoft, Nvidia, Amazon e Meta, embora ela tenha expressivos negócios em petrolíferas.
Em 2020, a Vanguard foi alvo de teorias da conspiração. A principal delas, reportada pela Reuters à época, dizia que o grupo havia ajudado a orquestrar a pandemia de covid-19, o que foi descreditado pela cobertura da imprensa internacional.
Já a Blackrock é a maior gestora de ativos e riscos do mundo.
Assim como a Vanguard, seus principais investimentos estão nas gigantes de tecnologia, mas ela também possui ações de empresas de mineração e já foi publicamente criticada por seu envolvimento com o mercado de combustíveis fósseis, a indústria de armas, além de já ter sido investigada pelo Congresso americano por negócios com o exército e organizações chinesas.
Tanto a Vanguard quanto a Blackrock adquiriram expressivas fatias da Trump Media, o braço de comunicação das empresas de Trump, três meses antes de sua eleição para a presidência. Só a Vanguard comprou mais de 2,9 milhões de ações, enquanto a Blackrock levou 2,2 milhões, segundo a Reuters. Na prática, portanto, o presidente e as sócias da Coca-Cola são parceiros de negócios.
COMO COCA-COLA É GERIDA
Empresa é gerida por comitês e um conselho administrativo. Os comitês são dedicados a áreas específicas: governança corporativa e sustentabilidade, auditoria, financeiro, talentos e executivo. Acima deles, há um conselho administrativo.
Diversos diretores fazem parte do conselho. São eles: Herb Allen, que também é presidente do banco Allen & Co. e diretor para a emissora Televisa; Bela Bajaria, diretora de conteúdo da Netflix; Ana Botín, diretora-executiva do Banco Santander; Christopher C. Davis, diretor da Berkshire Hathaway; Carolyn Everson, conselheira administrativa da The Walt Disney Company; Thomas S. Gayner, presidente da seguradora Markel Group; Maria Elena Lagomasino, presidente da empresa de consultoria familiar financeira WE Family Offices e diretora da The Walt Disney Company; Caroline J. Tsay, conselheira de Big Techs e sócia de fundos de capital de risco; David B. Weinberg, presidente da gestora de investimentos particulares Judd Enterprises.
Completam o conselho ainda dois nomes inteiramente dedicados à Coca-Cola. São eles a diretora Amity Millhiser e o presidente James Quincey.
O CEO tem ampla experiência com o mercado latino da Coca. James Quincey começou sua carreira na empresa em 1996, como diretor de estratégias para o grupo na América Latina. Ele passou por diversos cargos operacionais da região até que se tornou presidente da divisão da América do Sul em 2003.
Entre 2005 e 2008, CEO liderou a compra da Jugos del Valle, a marca de sucos, enquanto presidente da Coca no México. Ou seja, ele conhece bem os potenciais de mercado da tal "MexiCoke" o refrigerante latino adoçado com cana e a Coca americana.