O governo do presidente Donald Trump anunciou, nesta terça-feira (29), que revogará a base estabelecida em 2009 para combater as emissões de gases de efeito estufa nos Estados Unidos.

 

Após uma decisão da Suprema Corte, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) determinou, durante o primeiro mandato do ex-presidente democrata Barack Obama, que os gases de efeito estufa são perigosos para a saúde pública e, portanto, poderiam ser regulados com base em uma norma de 1970, a Lei do Ar Limpo.

 

Desde que Trump, um defensor dos combustíveis fósseis e céticos em relação ao aquecimento global, retornou à Casa Branca no final de janeiro, as autoridades federais mudaram de rumo na política climática.

 

O anúncio desta terça-feira, o mais recente de uma longa lista, ainda deverá passar por uma fase de consulta pública de 45 dias.

 

“Se for concretizado, o anúncio de hoje constituirá a maior medida desregulatória da história dos Estados Unidos”, declarou o diretor da EPA, Lee Zeldin, em um evento realizado em uma excursão de automóveis no norte do país.

Zeldin acusa a EPA de ter chegado, em 2009, a conclusões precipitadas, embora amplamente respaldadas por consenso científico, que segundo ele causou danos causados à economia americana.

 

“Os conservadores amam o meio ambiente, querem ser bons administradores do meio ambiente”, disse Zeldin nesta terça-feira no podcast conservador Ruthless. "Mas há pessoas que (...) estão dispostas a levar o país à falência em nome da justiça ambiental."

 

O setor de transporte é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa nos Estados Unidos.

 

Segundo uma análise recente da ONG Conselho de Defesa dos Recursos Naturais (NRDC), se fosse um país, o setor de transporte dos EUA seria o quarto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, e o setor de energia, o quinto.

 

A decisão de 2009, conhecida como "Declaração de Perigo", sobreviveu a vários desafios legais por parte da indústria ao longo dos anos, explicada à AFP por Dan Becker, do Centro para a Diversidade Biológica. “Mas desta vez, é o próprio governo que lança o ataque”, afirmou.

 

É previsível que grupos ambientalistas e governos estaduais levem o caso à Justiça, iniciando uma batalha legal que poderá chegar à Suprema Corte, “um tribunal altamente politizado”, avaliou Becker.