A Venezuela anunciou, nesta segunda-feira (25/8), o envio de 15 mil soldados e policiais para a fronteira com a Colômbia para operações contra o tráfico de drogas. A ordem foi dada por Diosdado Cabello, ministro do Interior, que os EUA acusam de pertencer ao Cartel dos Sóis, do qual Maduro também seria parte - os sóis são as insígnias do exército venezuelano.

Os EUA oferecem US$ 50 milhões por informações que levem à captura de Maduro e US$ 25 milhões por Cabello. O governo americano enviou três destróieres para águas internacionais, na costa da Venezuela - eles retornaram em razão do furacão Erin, mas serão reenviados nos próximos dias. O objetivo declarado é a realização de operações contra o tráfico de drogas, mas Maduro denunciou a manobra como uma "ameaça".

Ontem, o presidente colombiano, Gustavo Petro, defendeu Maduro. "O Cartel dos Sóis não existe, é a desculpa da extrema direita para derrubar governos que não lhes obedecem. Quem controla a passagem da cocaína colombiana pela Venezuela é a Junta do Narcotráfico e seus chefes vivem na Europa e no Oriente Médio", disse.

Militares e o narcotráfico

O envolvimento do exército venezuelano com o narcotráfico começou, segundo especialistas, justamente com a militarização da fronteira com a Colômbia quando a Venezuela ainda era comandada por Hugo Chávez, que havia sofrido uma tentativa de golpe, em abril de 2002. O temor em Caracas era o de que americanos e colombianos estariam tramando derrubar o chavismo.

Na época, Chávez estava desconfiado do Plano Colômbia, uma injeção de US$ 4,5 bilhões em ajuda americana para equipar os militares colombianos, que passaram a pressionar as duas guerrilhas (Farc e ELN), que foram obrigadas a operar do lado venezuelano da fronteira.

Rapidamente, os militares acabaram sócios dos narcotraficantes e passaram a facilitar a passagem da droga mediante suborno, muitas vezes em mercadoria. De posse da cocaína, embora sem experiência no mercado, eles começaram a mover a droga para obter liquidez - daí a origem do Cartel dos Sóis.

O chavismo sempre negou envolvimento. "O narcotráfico não está ligado a nós", disse Cabello, que acusa a oposição de apoiar o narcotráfico. No entanto, os americanos - bem antes do governo Trump - têm em mãos evidências dessa ligação.

Em 2010, nas páginas de seu indiciamento, o narcotraficante venezuelano Walid Makled afirma que teve em sua folha de pagamento 40 generais e altos funcionários do governo chavista. Ele apresentou documentos assinados por generais e ministros que aceitaram pagamentos.