O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (6/8) uma tarifa adicional de 25% às exportações da Ìndia, como retaliação ao fluxo comercial do país com a Rússia para a compra de petróleo. O argumento é de que a manutenção da guerra capitaneada por Vladimir Putin, contra a Ucrânia, representa uma ameaça à segurança nacional e política externa norte-americana.
A taxa anunciada se soma aos 25% que a Casa Branca já havia implementado aos indianos, deixando o país com uma alíquota de 50%, a mesma do Brasil e a mais alta entre os países. “Para lidar com a emergência nacional descrita na Ordem Executiva 14066, determino que é necessário e apropriado impor um imposto ad valorem adicional sobre as importações de artigos da Índia que, direta ou indiretamente, importem petróleo da Federação Russa”, determinou Trump.
O endurecimento da barreira comercial à Índia acende um alerta no Brasil, que tem a Rússia como o principal fornecedor do volume de petróleo importado. Em julho, o secretário-geral da Aliança Militar Ocidental (Otan), Mark Rutte, já havia afirmado que países como a China, Índia e o Brasil poderiam ser sancionados pelos EUA se mantivessem as negociações com a Rússia. A ameaça tem como pano de fundo uma ação para pôr fim ao conflito na Ucrânia.
"Meu incentivo a esses três países, se você estiver em Pequim ou em Nova Déli, ou se você for o presidente do Brasil, talvez seja uma boa ideia dar uma olhada nisso, porque isso pode atingir vocês de forma muito forte”, disse Rutte. No decreto que oficializou o tarifaço ao Brasil, Trump não citou a corrente comercial brasileira com Putin para justificar a taxa de 50% ao Brasil. De janeiro a junho deste ano, as importações de petróleo da Rússia, pelo Brasil, somaram mais de US$ 2,5 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Os Estados Unidos são o segundo principal fornecedor do mercado brasileiro, seguido pela Arábia Saudita, em transações que se aproximam de R$ 1,5 bilhão. O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, diz que trata o assunto apenas como uma ameaça. “Estamos muito atentos, mas, por ora, não há nenhum plano, vamos aguardar para avaliar o melhor caminho”, compartilha.
Araújo alerta para uma preocupação quanto à disponibilidade de óleo diesel caso os produtos da Rússia saiam do mercado. “No passado, a gente importava, majoritariamente, óleo diesel dos Estados Unidos. Mas com o avanço da guerra entre Rússia e Ucrânia, os Estados Unidos passaram a ser fornecedores da União Europeia e, com isso, há um desequilíbrio no mercado. A saída da Rússia certamente provocará um impacto na oferta e na demanda”, acrescenta.
“E há também uma tendência de elevação de preços. É uma situação delicada”, arremata o presidente da Abicom que rechaça sanções ao Brasil pelas negociações com os russos.