Extremistas islâmicos mataram pelo menos 55 pessoas no nordeste da Nigéria em um ataque na noite de sexta-feira, informaram à AFP, neste sábado (6), o funcionário de uma ONG e o chefe de uma milícia civil.

O ataque ocorreu na cidade de Darul Jamal (nordeste), que abriga uma base militar na fronteira entre Nigéria e Camarões.

Embora a violência jihadista tenha diminuído desde o auge da insurgência do grupo islâmico Boko Haram, entre 2013 e 2015, militantes de grupos rivais, como os do Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês), realizam ataques em áreas rurais no nordeste do país.

Uma fonte de segurança informou à AFP que entre os mortos estão cinco soldados, mas o chefe de uma milícia certificada ao governo, Babagana Ibrahim, disse que foram seis mortos militares.

Moradores de Darul Jamal informaram que o ataque começou às 20h30 locais (16h30 de Brasília), quando bandos de combatentes chegaram em motocicletas, atirando com fuzis de assalto e ateando fogo nas casas.

"Vieram gritando, atirando em todos", disse Malam Bukar, que fugiu para o campo com a esposa e três filhos. “Quando voltamos, ao amanhecer, os corpos estavam por toda parte”, acrescentou.

O comandante Ibrahim disse que 55 pessoas estavam mortas, mas o trabalhador de uma ONG internacional, que pediu para não ser identificado, assegurou que os mortos eram 64.

Um porta-voz do Exército nigeriano não respondeu aos pedidos por informação.

Muitas vítimas eram famílias recentemente realocadas do campo de deslocamentos da Escola de Ensino Médio do Governo em Bama, cidade próxima a Camarões que as autoridades fecharam no começo deste ano.

“O governo disse que estaríamos seguros aqui”, contou Hajja Fati, mãe de cinco filhos que perdeu o irmão no ataque. “Agora estamos enterrando nossa gente novamente”, lamentou.

Sabe-se que uma região está sob o controle de um comandante do Boko Haram e uma fonte de segurança disse à AFP que ele chefiou o ataque.

Desde 2019, o Boko Haram se envolve em uma insurgência sangrenta que busca estabelecer um califado islâmico no nordeste da Nigéria, em uma campanha que já deixou cerca de 40.000 mortos e mais de dois milhões de pessoas deslocadas.