Mais de 300 sul-coreanos estavam entre as 475 pessoas detidas nesta semana em uma operação migratória em uma fábrica de baterias da Hyundai e LG Energy Solution no sudeste dos Estados Unidos, informou o governo da Coreia do Sul neste sábado (6).

Segundo as autoridades americanas, a operação na fábrica situada em Ellabell, no estado da Geórgia, foi a maior em um único local na cruzada anti-imigratória do presidente Donald Trump.

Imagens da produção publicadas pelas autoridades americanas mostravam os trabalhadores detidos algemados e com correntes nos tornozelos, embarcando em um ônibus de transporte de detentos.

Em Seul, durante uma reunião de emergência, o ministro das Relações Exteriores sul-coreano, Cho Hyun, disse que, dos 475 detidos, “acredita-se que mais de 300 sejam nossos cidadãos”.

“Estamos profundamente preocupados e sentimos grande responsabilidade por este assunto”, declarou, dizendo-se disposto a viajar para Washington para se reunir com as autoridades, se necessário.

O primeiro vice-primeiro-ministro de Relações Exteriores, Park Yoon-joo, propôs o tema em uma conversa por telefone com a vice-secretária de Estado americana para Assuntos Políticos, Allison Hooker, e expressou seu lamento pela repressão e pela publicação de imagens da detenção dos trabalhadores sul-coreanos.

“As atividades econômicas das empresas coreanas que investem nos Estados Unidos e os direitos e interesses dos cidadãos coreanos não devem ser infligidos injustamente durante as operações policiais americanas”, disse Park em um comunicado de seu ministério.

Park “solicitou ao Departamento de Estado trabalhar ativamente para garantir uma resolução justa e rápida para este assunto”, acrescentou.

 Trump apoia o ICE 
 

Trump apoiou o trabalho do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE, na sigla em inglês) em declarações a jornalistas na sexta-feira. “Diria que eram estrangeiros ilegais e que o ICE só estava fazendo o seu trabalho”, afirmou.

Durante uma coletiva de imprensa no mesmo dia, Steven Schrank, agente especial do Departamento de Segurança Interna (DHS) em Atlanta, assinalou que a operação, realizada na quinta-feira, foi consequência de uma “investigação criminal sobre denúncias de práticas de trabalho ilegais e sepulturas delitos federais”.

Os 475 detidos foram “presentes ilegalmente nos Estados Unidos” e “trabalhando de forma ilegal” e foram postos à disposição do ICE para sua possível expulsão, afirmou.

A operação de quinta-feira ocorreu em uma fábrica de baterias para veículos elétricos.

A LG Energy Solution informou neste sábado que, do total de detidos, 47 (46 sul-coreanos e um indonésio) eram funcionários diretos da empresa, enquanto cerca de 250 foram terceirizados.

Na sexta-feira, a Hyundai informou não ter conhecimento de que algum dos detidos estivesse “empregado diretamente” na empresa.

Segundo o governo Trump, alguns dos detidos tinham cruzado ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos, outros tinham chegado com vistos que os proibiam de trabalhar ou tinham excedido a duração de suas permissões de trabalho.

“Esta operação destaca nosso compromisso em proteger os cidadãos da Geórgia e dos Estados Unidos, garantir uma concorrência justa para as empresas que cumprem a lei, garantir a integridade da nossa economia e proteger os trabalhadores da exploração”, ressaltou Schrank.

A Coreia do Sul, a quarta maior economia da Ásia, é um fabricante estratégico de automóveis e produtos de eletrônicos, com várias fábricas nos Estados Unidos.

Em julho, Seul se comprometeu a investir US$ 350 bilhões (R$ 1,8 trilhão, na cotação atual) em território americano após as ameaças tarifárias de Trump, que busca ressuscitar o setor industrial dos Estados Unidos.

O republicano iniciou seu segundo mandato em janeiro com a promessa de implementar o maior programa de expulsão de imigrantes da história do país.

Desde então, seu governo introduziu medidas duras contra aproximadamente 11 milhões de pessoas em situação imigratória irregular nos Estados Unidos.