Milhares de moradores de Washington D.C. participaram neste sábado (6/9) de uma manifestação pacífica para exigir o fim da mobilização da Guarda Nacional na cidade. Sob o argumento de que o crime estaria "fora de controle", as tropas estão na cidade há quase um mês.
Durante o sábado, Trump reafirmou a ameaça de enviar tropas para Chicago, chamando a cidade de "a mais perigosa do mundo" e usando uma postagem no Truth Social com uma referência ao filme "Apocalypse Now".
J.B. Pritzker, governador democrata de Illinois, respondeu às declarações de Trump, afirmando que Illinois não se deixará intimidar por ações autoritárias.
Em Washington, os manifestantes protestaram contra a intervenção federal, carregando cartazes com frases como "Liberdade para D.C." e "Resista à tirania".
"Estou aqui para protestar contra a ocupação de D.C.," disse Alex Laufer. "Estamos nos opondo ao regime autoritário e precisamos tirar a polícia federal e a Guarda Nacional das nossas ruas."
Trump anunciou em 11 de agosto o envio dos soldados da Guarda Nacional à capital para, em tese, combater a criminalidade. Dados recentes, no entanto, mostram que, apesar de um pico em 2023, os indicadores de violência têm caído e indicam tendência de queda nos últimos 30 anos.
Trump colocou o Departamento de Polícia Metropolitana de Washington sob controle federal direto e enviou agentes federais, incluindo membros do ICE, para atuar na cidade.
A prefeita de Washington, Muriel Bowser, chamou a ação de Trump de "sem precedentes", marcando a primeira intervenção presidencial na cidade desde 1973.
Diferentemente dos estados, onde os governadores têm capacidade para mobilizar tropas em autoridade conjunta com o governo federal, a Guarda Nacional na capital está sob o comando direto do presidente.
"O que eles estão tentando fazer em D.C. é o que tentam fazer em outras ditaduras," disse um manifestante chamado Casey, que preferiu não revelar o sobrenome. "Eles estão testando em D.C., e se as pessoas tolerarem o suficiente, vão fazer isso em mais e mais áreas. Então precisamos impedir enquanto ainda podemos."
Mais de 2.000 soldados patrulham a cidade, com o Exército estendendo a permanência da Guarda Nacional na capital até 30 de novembro.
O procurador-geral da cidade de Washington, Brian Schwalb, afirmou na quinta-feira (4) que processou o governo Trump pela mobilização federal da Guarda Nacional.
A ação segue a Califórnia, que também entrou na Justiça contra a medida do presidente, argumentando que ele excedeu sua autoridade ao enviar as tropas na terça (2), um juiz proibiu Trump de enviar as tropas ao estado da costa leste a partir da ação do governo californiano.
No mesmo dia, Trump disse que vai enviar tropas da Guarda Nacional também a Chicago, que chamou de "a cidade mais perigosa do mundo". No véspera, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra o uso das forças federais em uma operação anti-imigração prevista para ocorrer ainda nesta semana.
Em entrevista coletiva na Casa Branca na quarta-feira (3), o presidente afirmou ainda que poderia enviar tropas para Nova Orleans. "Nós vamos talvez para Louisiana, onde você tem Nova Orleans, que tem um problema com crime. Nós vamos ajeitar isso em cerca de duas semanas", disse.