A China simulou neste domingo (9) ataques contra "alvos cruciais" em Taiwan, no segundo dia de manobras militares que devem prosseguir até amanhã, em resposta à reunião entre a presidente taiwanesa e o líder da Câmara dos Representantes americana. 

O Exército chinês simulou "ataques de precisão" contra "alvos cruciais na ilha de Taiwan e nas águas circundantes", com a participação de dezenas de aviões e tropas terrestres, informou a televisão estatal do país asiático. 

Pequim destacou que os exercícios têm a participação de contratorpedeiros, lanchas de alta velocidade e aviões de combate, entre outros.

As manobras militares começaram depois que a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, reuniu-se, na quarta-feira, na Califórnia, com o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy. Pequim prometeu responder ao encontro com medidas "firmes e contundentes".

"Não há razão para Pequim transformar essa reunião em algo que ela não é, e usá-la como pretexto para reagir de forma exagerada", declarou hoje um porta-voz do Departamento de Estado americano.

O Ministério da Defesa de Taiwan detectou neste domingo 11 navios de guerra e 70 aviões chineses ao redor da ilha, mesmo número registrado na véspera. 

A pasta afirmou que responde às manobras "com calma e serenidade" e explicou que os aviões de guerra detectados até as 16h locais incluíam caças e bombardeiros.

As manobras têm o objetivo de estabelecer a capacidade da China para "tomar o controle do mar, o espaço aéreo e da informação [...] para criar uma dissuasão e um cerco total de Taiwan", destacou o canal estatal CCTV no sábado. 

Taiwan e o governo dos Estados Unidos criticaram a operação, que recebeu o nome "Espada Conjunta", e pediram "moderação" a Pequim, ao mesmo tempo que afirmaram manter aberto os canais de comunicação com a China. 

Irritação

A China considera a ilha de Taiwan, de 23 milhões de habitantes, uma de suas províncias que ainda não conseguiu reunificar com o restante do território desde o fim da guerra civil, em 1949. 

As manobras "servem como advertência severa contra o conluio entre as forças separatistas que buscam 'a independência de Taiwan' e as forças externas", advertiu no sábado o porta-voz militar chinês, Shi Yin.

A China está irritada com a aproximação dos últimos anos entre as autoridades taiwanesas e o governo dos Estados Unidos, que, apesar da ausência de relações oficiais, fornece à ilha um importante apoio militar. 

Em agosto, a China executou manobras militares sem precedentes ao redor de Taiwan e disparou mísseis em resposta a uma visita à ilha da democrata Nancy Pelosi, antecessora de McCarthy na presidência da Câmara de Representantes. 

O governo dos Estados Unidos reconheceu a República Popular da China em 1979 e, em tese, não deveria ter nenhum contato oficial com a República da China (Taiwan) com base no princípio de "uma só China" defendido por Pequim. (Agência France Presse)