Onde está Jack Ma? Especulações sobre o desaparecimento do milionário chinês dono da Alibaba após críticas ao governo do país estão em alta entre a mídia internacional, mas a pergunta segue sem reposta.

Jack Ma é apontado com a pessoa mais rica do país. Ele está à frente de um grupo que lembra a Amazon. 

O empresário não é visto desde um fórum em Xangai em outubro, no qual criticou a atitude dos reguladores financeiros.

Após o discurso, as autoridades suspenderam a entrada na Bolsa do Ant Group, o que gerou uma grande surpresa. A entrada na Bolsa do grupo prometia estabelecer um recorde no mundo, com 34,4 bilhões de dólares.

"A mensagem política subliminar é que nenhuma empresa ou indivíduo tem o direito de desafiar o Partido Comunista, independente de seu tamanho", disse à AFP Richard McGregor, do Instituto Lowy em Sydney.

Na última sexta-feira, o Financial Times chamou atenção para o fato de que Ma foi substituído em novembro como juiz no episódio final de um programa de TV chamado “Africa’s Business Heroes”. Segundo porta-voz do Alibaba a mudança aconteceu por um conflito de agendas

Aos 56 anos, Ma se afastou oficialmente do grupo após sua aposentadoria no ano passado. Mas ele mantém uma influência inegável no Alibaba e no Ant Group por meio da carteira de ações.

Investigado

No último dia 23, as autoridades de concorrência chinesas anunciaram uma investigação sobre o gigante do comércio online Alibaba por "práticas suspeitas de monopólio".

O anúncio da Administração Estatal de Regulamentação do Mercado provocou uma forte queda das ações do Alibaba, que chegou a 8%, durante a sessão na Bolsa de Valores de Hong Kong.

"Sem dúvida há uma escalada de esforços coordenados destinados a obstruir o império de Jack Ma, que simboliza as novas entidades chinesas, grandes demais para falir", disse o analista Dong Ximiao, do Instituto de Finanças na Internet de Zhongguancun, o "Vale do Silício" de Pequim, citado pela agência Bloomberg.

As autoridades não divulgaram detalhes sobre o que reprovam no Alibaba, exceto um "acordo de exclusividade" do qual não se sabe mais nada.

O gigante do comércio pela internet prometeu "cooperar ativamente na investigação com os reguladores".

A Administração Estatal de Regulamentação do Mercado também anunciou que entrou em contato com o Ant Group, líder global em pagamentos online e subsidiária da Alibaba, para discutir "supervisão e aconselhamento", algumas semanas depois de Pequim frustrar no último minuto seu IPO.

Em um comunicado, o Ant Group afirmou que vai "estudar rapidamente as demandas das autoridades e cumpri-las de maneira estrita". 

A investigação é um golpe para o mundo empresarial chinês, onde o Alibaba e seu carismático fundador Jack Ma são símbolos do sucesso tecnológico da China.

As autoridades estão preocupadas com o poder dos grupos de tecnologia e, mais particularmente, com suas investidas no setor de crédito online, onde contornam as regras de prudência impostas aos bancos públicos.

A imprensa chinesa expressou preocupação com os riscos de turbulência financeira.

A investigação contra o Alibaba "é uma medida importante para o nosso país fortalecer a supervisão antitruste no setor da Internet e promover um desenvolvimento saudável de longo prazo da economia digital", escreveu o Diário do Povo, um órgão do Partido Comunista no poder.

Prova da preocupação das autoridades públicas com o Alibaba é que o grupo recebeu uma multa de 500.000 yuans (62.000 euros) na semana passada por não ter comunicado uma aquisição.