Pesquisadores desenvolveram uma nova técnica para de extração de DNA a partir de ossos e dentes antigos. A técnica permitiu o isolamento do material genético humano presente em um pingente de dente de veado, fabricado entre 19 mil e 25 mil anos atrás.

A análise foi publicada nesta quarta-feira (3) na revista Nature. O estudo revelou que o pingente de cerca de 20 mil anos pode ter sido feito ou até mesmo usado por uma mulher geneticamente próxima de velhos indivíduos do leste da Sibéria, chamados “antigos eurasianos do norte”.

O pingente dente de veado do Paleolítico Superior, que estava perfurado, foi localizado em 2019 na caverna Denisova, no sul da Sibéria. Uma equipe internacional liderada pelo Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, na Alemanha, isolou o DNA humano do artefato.

"Os objetos feitos de pedras, ossos e dentes são essenciais para compreender as estratégias humanas de subsistência, comportamento e cultivo no Pleistoceno", afirma o estudo realizado por pesquisadores do alemão Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva.

Fósseis e relíquias com DNA humano

Há uma grande quantidade desses objetos, mas é difícil relacioná-los com um indivíduo em particular, a menos que sejam encontrados em uma sepultura, o que é bastante raro.

A equipe contornou a dificuldade testando uma técnica de extração de DNA não invasiva e, acima de tudo, não destrutiva em um pingente.

De onde veio o DNA humano do pingente?

O pingente foi descoberto na caverna siberiana Denisova, famosa por abrigar várias espécies humanas por quase 300 mil anos.

O objeto, uma espécie de pequeno disco achatado de 2,5 cm de comprimento, dotado de um orifício que permite ser usado como pingente, foi esculpido em dente de alce.

Naturalmente poroso, um osso ou dente pode reter o DNA do mamífero de onde veio, mas também o da "colonização microbiana ou manipulação humana", graças a vestígios de suor, sangue ou saliva.

Como foi feita a separação do DNA?

Os pesquisadores testaram várias soluções químicas para extrair DNA de amostras de ossos e dentes de animais encontrados em sítios arqueológicos, antes de excluir soluções que alterassem a superfície dos espécimes.

Eles pegaram uma solução de fosfato de sódio para banhar o pingente e o incubaram em diferentes temperaturas.

Para evitar qualquer tipo de contaminação, o pingente foi retirado do solo com luvas e imediatamente colocado em um saco lacrado.

As sequências de DNA do ser humano e do alce permitiram datar o objeto entre 19 mil e 25 mil anos.

Eles também afirmam que uma mulher fez ou manuseou o pingente e que pertencia a um grupo humano do norte da Eurásia, anteriormente identificado mais a leste da Sibéria.

Os autores do estudo acreditam que seu método deve permitir no futuro combinar análises culturais e genéticas de objetos feitos de ossos, desde que sejam aplicados de forma consistente protocolos de escavação que minimizem os riscos de contaminação humana.

(Com AFP)