Pandemia e economia

Entenda por que o fim da “Covid zero” na China alivia economia global

País flexibilizou medidas de controle da pandemia, após quase três anos

Por Agências
Publicado em 09 de dezembro de 2022 | 08:34
 
 
 
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Os chefes de várias instituições econômicas internacionais elogiaram nesta sexta-feira (9) a decisão da China de flexibilizar sua política de "Covid zero", o que a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, descreveu como um passo "decisivo" em frente.

O relaxamento das restrições sanitárias é uma boa notícia para a economia mundial, que atravessa dificuldades, declarou a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) após uma reunião com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Huangshan, no leste da China. 

As autoridades de saúde chinesas anunciaram, na quarta-feira (7), uma flexibilização geral das restrições sanitárias, depois de uma onda de protestos, e também com a esperança de dar impulso à segunda maior economia mundial. 

Entre as principais medidas anunciadas estão o fim dos testes de PCR sistemáticos e em larga escala, a possibilidade de isolamento domiciliar para casos leves e assintomáticos e uma aplicação mais limitada dos confinamentos.

"Saudamos as ações decisivas tomadas pelas autoridades chinesas (...) para recalibrar a política de covid", declarou Georgieva em entrevista coletiva com líderes de outras instituições econômicas internacionais.

Além disso, o esforço da China para aumentar a imunização entre sua população é positivo "para o povo chinês, mas também é importante para a Ásia e o resto do mundo", acrescentou Georgieva. 

"O desempenho da China é importante [não apenas] para a China, mas também para a economia mundial", afetada pelas consequências da guerra na Ucrânia e pela inflação, acrescentou. 

A economia mundial foi atingida este ano pela invasão russa da Ucrânia, juntamente com uma recuperação parcial após a pandemia e uma crise do custo de vida em muitos países. 

O abandono progressivo da estratégia de "covid zero" vai contribuir "para eliminar uma série de incertezas", ressaltou Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), durante a mesma coletiva de imprensa. 

O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann, acrescentou que esses "ajustes apoiarão a força da recuperação [econômica] tanto na China quanto no mundo".

Retorno longo à normalidade

A drástica decisão da China de aliviar a maior parte de suas restrições sanitárias também foi aplaudida pelos mercados financeiros, preocupados com uma possível recessão nos Estados Unidos. 

Mas muitos analistas alertam que o retorno à normalidade no país mais populoso do mundo será longo e caótico, já que a China enfrenta atualmente um aumento dos casos de covid. 

A revolta popular no gigante asiático explodiu no final de novembro, quando milhares de manifestantes saíram às ruas em uma dezena de cidades, exigindo o fim da política de "covid zero" e, em alguns casos, até pedindo a saída do presidente Xi Jinping. 

Os protestos, que surpreenderam as autoridades, foram os mais importantes desde as mobilizações pró-democracia de Tiananmen (Praça da Paz Celestial) em 1989.

A rígida política de saúde da China, que forçou a interrupção de linhas de produção em razão dos confinamentos, também afetou severamente a economia do gigante asiático, que este ano experimentará uma das taxas de crescimento mais lentas em quatro décadas.

A meta oficial de aumento de 5,5% do PIB não é mais considerada possível pela maioria dos economistas. A coletiva de imprensa de Li Keqiang nesta sexta-feira também foi sua despedida como primeiro-ministro, que se aposenta aos 67 anos.

(AFP)

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