violência

Equador enfrenta atos de 'barbárie', diz ministro do Interior após explosão

Somente neste ano, 861 pessoas foram assassinadas em Guayaquil, eixo econômico da nação.

Por Agências
Publicado em 15 de agosto de 2022 | 17:33
 
 
 
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A explosão que deixou cinco mortos em Guayaquil, a cidade com maior número de homicídios no Equador e que está sob estado de exceção, foi um ato de "enorme barbárie e irracionalidade", disse nesta segunda-feira (15) o ministro do Interior, Patricio Carrillo.

"Estamos frente a atos de enorme barbárie e irracionalidade como o de colocar estes explosivos nas ruas, o que estamos vivendo preocupa muito além das ligações com organizações criminosas", expressou Carrillo durante uma visita ao popular bairro Cristo del Consuelo, onde ocorreu a explosão.

O bairro amanheceu bloqueado por cordões de segurança e patrulhado por dezenas de agentes. Os militares ocuparam as ruas após a declaração de estado de exceção no Distrito Metropolitano de Guayaquil (sudoeste), que inclui as vizinhas Durán e Samborondón.

O decreto divulgado nesta segunda-feira informou que Guayaquil, com 2,8 milhões de habitantes, é "a região com maior número de homicídios intencionais" do país, com 32,5% dos casos. Somente neste ano, 861 pessoas foram assassinadas na cidade, eixo econômico da nação.

A explosão do domingo se deu a partir de materiais "caseiros" e "artesanais", matando cinco pessoas -sem antecedentes criminais- e ferindo 17, das quais duas estão em estado grave, segundo o ministro.

"Solução paliativa"

No domingo, duas pessoas a bordo de uma moto lançaram um pacote com os explosivos em seu interior. A explosão destruiu as paredes de casas próximas e danificou quatro veículos e uma moto.

Este não foi o primeiro ataque com explosivos no país. Entre janeiro e agosto a polícia reportou 145, dos quais 72 ocorreram no distrito de Guayaquil.

Após o incidente de domingo, Carrillo apontou que se tratava de um ataque de "mercenários do crime organizado" e o considerou "uma declaração de guerra ao Estado".

O governo ofereceu 10 mil dólares para quem fornecer informações sobre o caso e declarou estado de exceção em Guayaquil, e Durán e Samborondón como "zona de segurança". A medida também suspende os direitos de liberdade de associação e de inviolabilidade de domicílio.

O estado de exceção "é uma solução paliativa", comentou à AFP Carolina Andrade, ex-subsecretária de Inteligência. O governo determinou em abril a mesma medida nas províncias de Guayas (cuja capital é Guayaquil), Esmeraldas e Manabí devido à ação do narcotráfico.

Para a cientista política e analista de segurança, o governo não conseguiu abordar o crime organizado de uma forma estrutural.

"Quando não há acesso aos serviços do Estado, o narcotráfico se faz presente e toma seu lugar, por isso é importante a prevenção", afirmou.

Billy Navarrete, diretor da Comissão Permanente para os Direitos Humanos, compartilha a opinião, ao afirmar que "as respostas aos últimos acontecimentos criminais no país têm sido bastante anacrônicas e se limitam a reforçar o controle policial e militar".

Após a última explosão, a polícia realizou operações em Cristo del Consuelo e deteve cinco pessoas por delitos como posse de armas. Os agentes também apreenderam armas, drogas e explosivos.

Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador já aprendeu mais de 100 toneladas de droga no primeiro semestre deste ano.

(AFP)
                
 

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