As autoridades iranianas anunciaram nesta terça-feira (8) que colocaram em órbita um novo satélite militar, no momento em que as negociações em Viena para tentar salvar o acordo sobre o programa nuclear de Teerã estão em uma fase crucial.
"O segundo satélite militar iraniano, chamado Nour-2, foi enviado ao espaço pelo foguete Qassed, da força aeroespacial da Guarda Revolucionária (o exército ideológico do Irã) e colocado em órbita com sucesso a 500 quilômetros da Terra", anunciou agência oficial de notícias IRNA.
A Guarda Revolucionária afirma que o Nour-2 é um "satélite de reconhecimento", de acordo com um comunicado publicado em seu site oficial, Sepah News.
Segundo a mesma fonte, o artefato foi lançado no deserto de Shahrud, na província de Semnan (nordeste).
Em abril de 2020, eles lançaram seu primeiro satélite militar, o Nour-1. Para os Estados Unidos, esse lançamento foi a prova de que o programa espacial iraniano é para fins militares, para além de comerciais.
Nesta terça-feira, o Sepah News disse que o Nour-1 continua "ativo".
O ministro de Telecomunicações, Issa Zarepur, elogiou o "sucesso" do lançamento do Nour-2 em comunicado publicado na IRNA. Seus primeiros sinais "foram recebidos com sucesso pelas estações terrestres", disse.
"Este satélite de reconhecimento orbitará ao redor da Terra a cada 90 minutos e sua missão vai durar pelo menos três anos", afirmou Zarepur.
Diante da preocupação do Ocidente, a República Islâmica diz não ter intenção de se dotar de armas nucleares e sempre afirmou que suas atividades aeroespaciais são pacíficas.
Em janeiro, a Guarda Revolucionária anunciou que testou "com sucesso" um foguete com um motor de combustível sólido capaz de transportar satélites.
O lançamento do novo satélite se dá em um contexto de declarações positivas sobre um acordo iminente nas negociações do programa nuclear iraniano em curso em Viena.
O acordo, alcançado em 2015 por Irã, de um lado, e Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, de outro, deve impedir que o Irã desenvolva uma bomba atômica, o que o país sempre negou.
Esse pacto foi perdendo sua vigência após a retirada em 2018 dos Estados Unidos, que restabeleceram as sanções contra Teerã. Em resposta, o Irã gradualmente se libertou dos limites impostos ao seu programa nuclear.
O desafio agora em Viena é fazer com que os Estados Unidos voltem ao acordo e Teerã volte a cumprir seus compromissos.
O coordenador da União Europeia encarregado de supervisionar as negociações, Enrique Mora, disse na segunda-feira que será necessário tomar "decisões políticas" nos próximos dias para concluir as negociações.
A agência oficial IRNA anunciou o retorno a Teerã do negociador-chefe do Irã, Ali-Bagheri, para realizar consultas.
Essas negociações em Viena ocorrem em meio à invasão da Ucrânia por parte da Rússia, país próximo ao Irã.
Moscou, submetido a sanções ocidentais após a invasão, estabeleceu recentemente novas exigências para apoiar a reativação do acordo nuclear iraniano, o que poderia atrasar a conclusão das negociações.
A Rússia exigiu aos Estados Unidos garantias de que as sanções não afetarão sua cooperação com o Irã. Mas Washington disse que essas exigências eram "irrelevantes" e que as sanções impostas à Rússia não têm "nada a ver" com a questão nuclear iraniana.