Uma espécie de lixão com roupas usadas descartadas no meio do Deserto do Atacama tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos e já pode ser visto do espaço. O último registro foi feito pela empresa de monitoramento via satélite SkyFi. 

Conforme a revista de moda Dazed, o espaço está localizado na região de Alto Hospicio, no Chile, e conta com 60 mil toneladas de peças de roupas usadas descartadas. 

Ainda segundo a Dazed, o aumento descontrolado do acúmulo de roupas no lixão do Deserto do Atacado está relacionado ao descarte de marcas de fast fashion, com suas roupas ultrabaratas e de alta rotatividade no mercado, feitos no local. 

Ao todo 59 mil toneladas de roupas chegam da Europa, Ásia e América do Norte ao norte do Chile todos os anos. Além disso, boa parte dos produtos é comercializado por pessoas que negociam moda de segunda mão — o lixão também atrai migrantes e mulheres das comunidades pobres locais que buscam peças para vender ou vestir, informou a AFP.

No entanto, nem mesmo este fluxo impede que o local cresça em detritos. Segundo Franklin Zepeda, fundador da Ecofibra, empresa que trabalha com reuso de produtos têxteis na fabricação de painéis de isolamento, as roupas também não podem ser enviadas para lixões municipais porque não são biodegradáveis e frequentemente contém produtos químicos tóxicos.

Atualmente, o lixão de roupas do Deserto do Atacama é classificado pela Organização das Nações Unidas como "uma emergência ambiental e social" para o planeta. 

A SkyFi reforça que os registros fotográficos feitos na região mostram a realidade dos alertas que já circulam online sobre os perigos do consumo desenfreado motivado por tendências voláteis. 

"O tamanho da pilha [de roupas] e a poluição que está causando são visíveis do espaço, o que torna claro que existe a necessidade de mudança na indústria da moda. Nossa missão de tornar os dados de observação da Terra fáceis e transparentes é vital para identificar e gerenciar problemas como este", declara. 

Lixão de roupas descartadas no deserto do Atacama visto do espaço

Em 2018, as Nações Unidas estimaram que a indústria de fast fashion seja responsável por entre 2% e 8% de todas as emissões de carbono do mundo. Quase 85% de todos os materiais têxteis produzidos vão parar em lixões todos os anos.

Nos últimos anos, a região próxima a Iquique, no Chile, tem atraído este tipo de prática por ser uma zona livre de impostos e por materiais têxteis não serem considerados lixo de acordo com a legislação local.

O artigo da revista Dazed também salienta que apenas 15% das roupas despejadas no Deserto Atacama através do porto de Iquique são usadas. Já 85% nunca foram vestidas e são apenas descartadas pelas empresas. A região tem sofrido com incêndios que contaminaram com gases tóxicos das fibras sintéticas os bairros da cidade vizinha e forçam moradores a se manterem fechados dentro das casas por medo de contaminação.

Com informações de UOL.