A cerimônia do 21 de Abril deste ano, em Ouro Preto, é atípica. Em meio a uma das maiores crises políticas da história do país, o governo mineiro se viu em uma saia-justa no evento considerado um dos mais tradicionais do Estado: quem homenagear com a Medalha da Inconfidência e quem chamar para ser o orador da cerimônia?
Primeiramente, já antenado com todos os estragos causados pela Lava Jato e por seus inúmeros braços, a equipe do governador Fernando Pimentel recorreu a uma solução interessante, uma personalidade internacional ligada a causas de emancipação. A jovem paquistanesa Malala Yousafzai, vencedora do Nobel da Paz em 2014, foi cogitada por sua luta pelo direito à educação de jovens e crianças em seu país, enfrentando o taleban. A ideia, porém, naufragou, pois a jovem não teria disponibilidade para vir a Minas Gerais.
O plano B, nunca admitido oficialmente pelos organizadores do evento, era convidar Lula para ser orador. A estratégia era transformar a cerimônia em mais um ato de fortalecimento da musculatura política do ex-presidente. Mas alguém de bom senso parece ter alertado o cerimonial sobre o risco de o tiro sair pela culatra. A situação política de Lula nas pesquisas é até interessante – ele é o favorito para 2018 –, mas o petista está sendo implicado cada vez mais nas investigações da Lava Jato. Ontem mesmo, um dia antes do 21 de Abril, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, preso desde 2014, mudou toda a sua versão sobre a história do triplex do Guarujá. Segundo ele, o apartamento sempre foi do ex-presidente.
Sobrou ao governo mineiro valer-se de uma estratégia curiosa para salvar os festejos de homenagem a Tiradentes. Recorrer a uma personalidade já morta e, ainda, de outro país. A bola da vez é o militante político e ex-presidente sul-africano Nelson Mandela (Nobel da Paz de 1993). Ele será o homenageado de hoje com o Grande Colar. Pelo menos, mesmo diante da estranheza de alguns diante da escolha, não deverão ocorrer protestos por esse motivo.
Ainda assim, o 21 de Abril em Ouro Preto dará pano para manga. Serão agraciados com a Grande Medalha cinco políticos investigados pela Procuradoria Geral da República, suspeitos de terem sido beneficiados por propinas ou recursos ilegais de campanha doados por empreiteiras. São eles: os governadores do Acre, Tião Viana (PT), de Alagoas, Renan Filho (PMDB), da Bahia, Rui Costa (PT), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), além do deputado federal Fábio Ramalho (PMDB).
E, ainda, como anfitrião da cerimônia, o governador Fernando Pimentel (PT), também citado na Lava Jato e cuja administração está sendo bombardeada pela crise financeira. O momento não é bom para a classe política.
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