A World Wild Fund-Brasil, aquela ONG que tem um panda no logo, disse recentemente que 58% dos brasileiros têm no meio ambiente um motivo de orgulho, um número surpreendentemente alto e que revela paradoxos nacionais em relação a essa questão.
Os resultados foram apresentados em Sidney, na Austrália, durante o Congresso Mundial de Parques (12 a 19 de novembro). A pesquisa com duas mil pessoas em todas as regiões foi feita pelo Ibope durante a segunda quinzena de outubro, tendo sido inspirada pela ausência da pauta ambiental na campanha eleitoral. O foco foi em como a população brasileira se relaciona com as unidades de conservação, como parques, reservas e outras áreas protegidas.
A maioria dos entrevistados sabe da importância das áreas protegidas para o bem estar humano e acha que a natureza não está sendo tão bem cuidada como deveria. Entre eles, 65% afirmaram que a proteção da fauna e da flora é um dos benefícios dessas áreas.
A população também sabe que proteger o meio ambiente significa garantir a proteção das nascentes represas e rios, as principais reservas de Brasil e meio ambiente: um amor complicado água para o consumo humano. Essa relação está clara para 55% dos que responderam à pesquisa.
Para 48% dos pesquisados, as áreas protegidas ajudam a melhorar a qualidade do ar enquanto 34% identificam nesses locais uma oportunidade para o descanso e o lazer e 25% enxergam perspectivas econômicas a partir da conservação do meio ambiente.
Com tanta apreciação popular pela natureza, por que a destruição ambiental continua avançando inexoravelmente? Ao que tudo indica, “há um descompasso entre as políticas públicas de meio ambiente no Brasil e os anseios da população. Apesar do apreço que o brasileiro tem pelas áreas naturais, da importância delas na vida cotidiana das pessoas, esse tema não é uma prioridade nacional do ponto de vista dos governos”, diz Maria Cecília Wey de Brito, CEO do WWF-Brasil.
Eu acrescentaria que existe também uma visão limitada do que se trata meio-ambiente. Será que essas pessoas que apreciam áreas de conservação entendem que tudo na verdade é meio ambiente, inclusive a rua onde moram? Que suas escolhas de consumo e estilo de vida têm um impacto direto no planeta? Meio ambiente não é apenas reserva, assim como animais não são apenas onças e elefantes. Digamos que nossa relação com a natureza é marcada por uma esquizofrenia moral.
Para piorar, a natureza do Brasil nunca esteve tão ameaçada quanto agora. “E isso está ocorrendo com anuência do Congresso Nacional por meio de projetos de lei e uma avalanche de pedidos de licença para mineração e construção de grandes obras de infraestrutura”, alerta Jean François Timmers, Superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.
Timmers diz que é necessário um pacto amplo que envolva todos setores e mudar o cenário atual para posicionar a conservação da natureza e as áreas protegidas como prioridades reais na agenda do governo nos próximos quatro anos. “Não dá mais para esperar, os resultados dessa negligência estão batendo à nossa porta,” ele acrescenta.
Infelizmente os indicadores iniciais da nova gestão presidencial não apontam para um futuro verde. Resta a população deixar de ser apenas apreciadora da natureza e se tornar uma ativista em sua defesa. Isso é prioridade absoluta para um futuro possível.
Lobo Pasolini é jornalista, blogueiro e videomaker. Ele escreve sobre energia renovável e questões verdes para www.energyrefuge.com e www.energiapositiva.info
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