Fama, dinheiro, acesso a locais de luxuosos, regados a bebidas, drogas e muita bajulação. Assim é a vida da maioria dos jogadores de futebol que se destacam pelo Brasil e pelo mundo. Tudo começa muito cedo para esses garotos, inclusive. Às vezes, basta o atleta ser considerado promissor nas categorias de base para que um mundo de oportunidades – nem sempre boas – comece a aparecer.
Uns lidam de forma moderada com todo o bônus que ser um jogador de futebol traz. Já outros acabam se perdendo pelo caminho, e eu sempre vou lamentar por esses que realizam o tão difícil sonho de se tornar jogador, mas depois trilham caminhos que podem trazer grandes perdas.
Nas últimas semanas, dois casos chamaram muita atenção de quem acompanha o futebol brasileiro: o cruel assassinato do meia Daniel Corrêa – revelado pelo Cruzeiro e que defendia o São Bento-SP pela Série B do Campeonato Brasileiro – e a rescisão de contrato do lateral-direito Régis, do São Paulo, que revelou publicamente ter problemas com o uso de drogas. Dois casos muito diferentes e muito tristes. Daniel teve a vida interrompida brutalmente, enquanto Régis tem pela frente o desafio de reconstruir seu caminho após perder a oportunidade de defender uma grande camisa como a do São Paulo.
Informações da Polícia Civil do Paraná dão conta de que Daniel foi espancado e esfaqueado até morrer depois de comemorar o aniversário de uma amiga em Curitiba, onde ele cultivou algumas amizades que surgiram na época em que defendia o Coritiba. Exames no corpo do rapaz apontam para um nível alto de ingestão de álcool, que o impossibilitou de reagir às agressões sofridas.
Daniel foi vítima de um crime motivado por ciúmes e repleto de informações desencontradas. Algo inimaginável não só para quem viu de fora, mas para o próprio Daniel, que, pelo que consta, em momento algum imaginava correr qualquer risco e acabou sendo brutalmente assassinado. Algo que nos faz lembrar, por exemplo, o caso de Bernardo, ex-Cruzeiro e Vasco, que foi agredido e mantido refém em uma favela do Rio também por motivação passional.
O caso de Régis, infelizmente, não é novidade no futebol. Vários jogadores têm ou tiveram problemas com álcool e outras drogas durante ou após a carreira. Em entrevista à ESPN, o jogador assumiu fazer uso de substância ilícita, mas negou ser dependente químico, considerando-se um “usuário que abusa”. Até por isso, os grandes clubes tentam trabalhar os jogadores com psicólogos desde muito cedo para que eles saibam lidar com o sucesso e com as frustrações, nem sempre conseguindo.
É triste, mas muitos jogadores vivem em uma grande bolha, e falta um pouco de choque de realidade também. Muitos atletas não têm a consciência de que a fama, o sucesso e o dinheiro são coisas passageiras nesse meio. Meninos como o Daniel, que só queria curtir um fim de semana ao lado de amigos, não enxergam a possibilidade de estar ao lado de gente com intenções não tão boas, e isso tem que ser trabalhado e alertado desde muito cedo. Jogador precisa parar de pensar que é inatingível.