Vivendo em uma sociedade em que, infelizmente, até os pais questionam as regras, quando essas são colocadas pelas escolas, por exemplo, fica difícil educar seres responsáveis e respeitosos.
Não são poucas as vezes que temos que lidar com situações de crianças ou adolescentes que não cumprem regras e receber pais, que deveriam ser os primeiros a fazer com que os filhos respeitassem as regras, questionando e sugerindo mudanças nas regras. Objetivo? Para que seus filhos não sofram fazendo coisas que não gostam.
Ora bolas, se a escola coloca as regras é porque há outras pessoas em um mesmo espaço que seu filho e com os mesmos direitos que ele. A escola precisa ter claro sua identidade e o que é ou não permitido. Cabe diálogo, lógico que sim, mas, infelizmente o que presenciamos são adultos querendo mudar regras da escola porque não são capazes de educar seus próprios filhos e fazer com que respeitem e obedeçam o determinado.
Regras simples para o bom convívio de todos e para a organização do espaço escolar são discutidas e debatidas por adultos para que seus “alecrins dourados” não se frustrem.
Uma coisa básica e muito comum que traz questionamentos infinitos é em relação ao uso do uniforme. Adolescentes, por exemplo, detestam usar uniforme e vivem fazendo de tudo para burlar a regra da escola. Quando colocado para os pais, muitas escolas ainda escutam que isso é uma chatice, uma bobagem. Que mal há em não ir com a caça do uniforme?
Em momentos assim, o que mais me preocupa é um adulto não compreendendo que aquilo é uma regra da escola e ponto final. Que usar o uniforme completo é algo que a escola coloca como importante e fundamental para sua organização a até segurança dos alunos. Aluno uniformizado andando pelas ruas, é aluno protegido. Qualquer situação que acontecer, qualquer pessoa saberá para onde ligar.
Outro exemplo é sobre o uso do celular em sala de aula. Se é proibido, é proibido. Regra é regra.
Nós educadores nos assustamos muito quando os pais não percebem que a simples atitude de procurar uma escola para questionar uma regra está ensinando seu filho que regras não precisam ser cumpridas. Mais cedo ou mais tarde, tais pais batem às nossas portas pedindo socorro porque os filhos não querem obedecer.
Poderia citar mil situações de regras que as escolas colocam e muitos têm resistência em cumprir e, o que é pior, encontram apoio dos pais para questionarem, sem argumentos plausíveis, o que foi definido por uma instituição, mas vou para por aqui porque quero dizer de uma situação recente.
Uma atleta, simplesmente não cumpriu uma regra e, ao ser advertida, agir de maneira desrespeitosa. O que aconteceu? A linda teve que voltar pra casa. Tal fato nos chama a atenção para questões simples do nosso dia a dia com nossos filhos e alunos. Se não formos nós, pais e professores, os primeiros a ensinar que as regras devem ser cumpridas, a vida o fará e, nem sempre com a mesma paciência dos pais e professores.
Isso é grave e urgente de ser trabalhado. Uma atleta que, provavelmente, dedicou anos de sua vida treinando e esperando por este momento, perde sua oportunidade porque não soube se comportar dentro das regras estabelecidas e, ao ser advertida, empoderada de “sua razão”, desrespeitou uma pessoa.
Muitas crianças e adolescentes, como gostam de dizer alguns pais, são empoderados. Não aceitam e nem levam desaforo pra casa, não se curvam e brigam por seus direitos. Ótimo, bacana, mas será que tanto empoderamento está sendo trabalhado com inteligência emocional? Será que pais que incentivam seus filhos a serem empoderados, estão também lhes dando educação para não desrespeitarem as pessoas? Será que estão lhes ensinando que ter direitos não faz deles únicos no mundo?
É, o mundo não é o quintal em que criamos nossos filhos. O mundo é bem maior e nele existem, queiram vocês ou não, regras a serem cumpridas. Neste mundo, as pessoas não são como papai e mamãe que cedem quando os filhos batem o pé, respondem de maneira agressiva, batem as portas e ganham tudo no grito.
Vamos educar com mais consciência da nossa responsabilidade para que nossos filhos não percam oportunidades na vida porque não souberam o básico que é cumprir uma regra e aceitar a ser advertido quando está errado.
(*) Jacqueline Caixeta é supervisora pedagógica e palestrante