A ressaca, também chamada de veisalgia, nada mais é do que uma intoxicação alcoólica que se deve aos congêneres contidos (substâncias tóxicas) nas bebidas. Os congêneres são substâncias não alcoólicas produzidas durante a fermentação e destilação de bebidas alcoólicas.

São vários, mas podemos destacar entre eles a acetona, acetaldeído, taninos, ácido acético, ésteres totais, aldeídos totais, álcool butírico, furfural e hidroximetilfurfural, podendo eles afetar o sabor e a cor das bebidas, estando associados a ressacas mais intensas. 

Há vários mitos e verdades em relação a isso. Vamos a eles:

1) O uso de café amargo melhora a ressaca alcoólica:

Mito.

Na verdade, a substância piora a ressaca, pois a cafeína é considerada diurética (aumenta a quantidade de urina) e piora a desidratação ocasionada pelo álcool.

2) O uso de leite com manteiga melhora a ressaca:

Mito.

A verdade é que a gordura presente no leite e na manteiga aumenta a absorção de álcool no estômago, piorando a ressaca.

3) A ressaca de vinho é a pior de todas:

Mito.

As destiladas (uísque, vodca e pinga) provocam mais ressaca, pois elas são rapidamente absorvidas pelo corpo. Em qualquer caso, a intensidade da ressaca depende da quantidade de álcool ingerida e da qualidade da bebida – quanto pior essa for, maior a quantidade de congêneres.

4)  O “bafo” da ressaca é inevitável:

Verdade.

Isso resulta do excesso alcoólico e alimentar. O organismo tenta expulsar o álcool também pelo hálito. Assim, a proliferação de bactérias nos restos alimentares da boca, principalmente na língua, e o trato gastrintestinal formam o famigerado “bafo”.

5) Misturar bebidas alcoólicas aumenta a ressaca:

Mito.

A quantidade de álcool ingerida e a qualidade da bebida são o que piora a ressaca.

6) O fumo piora a ressaca:

Verdade.

O que ocorre é que, quanto mais nicotina há no organismo, menos oxigênio fica no sangue. Com isso, mais rapidamente se dá o processo de intoxicação.

7)“Rebater” melhora a ressaca:

Verdade.

Alguns sintomas podem melhorar, mas por um curto período de tempo, pois o mecanismo se assemelha à síndrome de abstinência de drogas, e o organismo sente falta de determinadas químicas. Contudo, é um hábito que deve ser evitado ao máximo, pois ele leva facilmente ao alcoolismo e agrava o enjoo.

8) Existem medicamentos que previnem ou curam a ressaca:

Mito.

Na verdade, não existem evidências científicas na literatura sobre a efetividade de quaisquer medicamentos ou chás na cura ou no tratamento da ressaca.

9) A sauna melhora a ressaca:

Mito.

Trata-se de uma prática que pode ter efeitos adversos no coração e na pressão sanguínea.

10) As relações sexuais melhoram com a ressaca:

Mito.

Na verdade, há uma perda da inibição e do constrangimento com o uso do álcool, mas o desempenho na hora do sexo é prejudicado.

11) Banho frio melhora a ressaca:

Mito.

De modo geral, tanto o banho frio, quanto o quente ou mesmo o alternado não melhoram a ressaca. O banho frio pode melhorar a dor de cabeça.

12) Nadar melhora a ressaca:

Mito.

Mas muitas vezes melhora a dor de cabeça.

13) Exercícios físicos melhoram a ressaca:

Verdade.

São geralmente muito efetivos. Aumentam o fluxo sanguíneo em todo o corpo, especialmente na cabeça, e promovem o suor, que ajuda a expurgar o álcool. Desaparece o sentimento de letargia, e há um forte efeito emocional e mental, os quais melhoram o humor.

14) Dirigir um pouco alcoolizado melhora o desempenho ao volante:

Mito.

O álcool inibe todos os reflexos e provoca sonolência, sendo perigosíssima a condução de veículos automotores ou máquinas nesse estado.

Mutatis mutandis, a melhor prevenção da ressaca alcoólica é, obviamente, não beber. Mas, se for beber, faça-o com moderação, para que, no dia seguinte, com a terrível ressaca, você não precise prometer que nunca mais irá beber...

(*) Eduardo Amaral Gomes é médico ortopedista e traumatologista  e escritor