Carlos Miranda é doutor em engenharia de materiais e professor dos cursos de engenharia do Ibmec BH
A busca pela eficiência em grandes projetos industriais é um dos principais desafios enfrentados pelas equipes de gestão. Em cenários marcados pela complexidade operacional e pela necessidade de rigoroso controle financeiro, o método de valor agregado tem se consolidado como uma ferramenta de destaque para avaliação e gestão do desempenho. Este método, amplamente reconhecido pela sua precisão e aplicabilidade, oferece uma visão abrangente sobre o progresso físico e financeiro de empreendimentos, contribuindo para evitar atrasos, desperdícios e outros desvios críticos.
O método de valor agregado baseia-se em três principais indicadores: o Valor Planejado (PV), que representa os custos previstos conforme o cronograma estabelecido; o Custo Real (AC), que contabiliza os gastos efetivos realizados até um determinado ponto; e o Valor Agregado (EV), que reflete o valor monetário do trabalho realmente concluído com base nos critérios de orçamento. Para completar a análise, o Índice de Desempenho de Custo (CPI) é utilizado como métrica-chave para avaliar a eficiência no uso de recursos financeiros. Um CPI superior a 1 indica economia e eficiência, enquanto valores inferiores apontam para desperdícios ou sobrecustos.
Em um estudo de caso recente, a aplicação prática do método envolveu a coleta de dados detalhados por meio de relatórios diários e semanais, os quais documentaram o avanço físico das atividades de uma obra civil, além da utilização de mão de obra e equipamentos, bem como eventuais fatores externos que influenciaram o andamento do projeto. Com base nesses dados, foi possível realizar análises contínuas e detalhadas sobre a relação entre os custos planejados, os efetivamente realizados e o progresso físico alcançado.
Os resultados obtidos no estudo mostraram que o método é extremamente eficaz em fornecer insights práticos para a gestão de projetos. No caso analisado, o CPI permaneceu consistentemente acima de 1, fator que indicou que os recursos estavam sendo usados de forma eficiente, gerando economia para o empreendimento.
Entretanto, um CPI acima de 2, registrado na análise de equipamentos, levantou questões sobre a precisão das estimativas iniciais de custos, que podem ter sido superestimadas, ou sobre uma alocação de recursos mais otimizada do que o esperado. Esses valores indicaram não apenas a eficiência no uso de equipamentos, mas também a possibilidade de ajustes futuros em processos semelhantes para evitar estimativas excessivamente conservadoras.
Além dos ganhos financeiros, a análise com base no valor agregado traz também outros benefícios relevantes. Ela permite identificar desvios entre o avanço físico real e o planejado, contribuindo para ajustes no cronograma e uma distribuição mais eficiente dos recursos. O estudo de caso desenvolvido demonstrou o potencial do método para atuar como uma ferramenta preventiva, que antecipa problemas e fornece base sólida para decisões estratégicas.
Apesar de sua eficácia, o método depende diretamente da qualidade e da consistência dos dados coletados. Dados imprecisos ou incompletos podem comprometer a análise e levar a conclusões equivocadas. Por isso, o acompanhamento contínuo, com atualizações regulares e detalhadas dos relatórios, é indispensável para garantir resultados confiáveis.
A integração do método de valor agregado na gestão de grandes projetos não apenas melhora a eficiência financeira e operacional, mas também promove uma cultura de controle e melhoria contínua. Essa abordagem ajuda a equipe a identificar gargalos com rapidez, planejar ações corretivas e ajustar os processos conforme necessário. Para projetos de grande porte, nos quais o impacto de atrasos e sobrecustos pode ser substancial, essa ferramenta se mostra indispensável, fortalecendo a governança e o sucesso do projeto como um todo.