Marcelo Silveira é superintendente da Associação de Lojistas de Shopping Centers do Estado de Minas Gerais

A internet transformou radicalmente a comunicação e o consumo, redefinindo a relação entre empresas e clientes. Desde sua popularização nos anos 1990, a evolução da web tem sido um reflexo das mudanças no comércio. Com a ascensão da Web 1.0, 2.0 e, mais recentemente, 3.0, cada estágio trouxe transformações significativas nas estratégias empresariais e no comportamento dos consumidores.

A Web 1.0, primeira geração da internet, foi caracterizada por sites estáticos, em que as empresas apenas exibiam informações, sem interação direta com o público. Os principais elementos dessa fase eram os hiperlinks, o e-mail como ferramenta primária de comunicação e o conteúdo fixo.

O comércio digital engatinhava: empresas publicavam catálogos online, mas sem funcionalidades interativas. O Google ainda era um buscador rudimentar, e as compras virtuais eram raridade. Era um ambiente de consumo passivo, no qual o usuário apenas absorvia informações sem possibilidade de interação ou personalização.

Com a Web 2.0, os consumidores passaram de espectadores a protagonistas do digital. Redes sociais como Facebook e YouTube impulsionaram a comunicação, enquanto marketplaces como Amazon e Shopee revolucionaram o comércio eletrônico.
Os pilares dessa fase foram o conteúdo gerado pelo usuário (avaliações e comentários), a influência das redes sociais na decisão de compra, a experiência mobile e a integração digital-física, permitindo uma jornada omnichannel. Agora, o cliente pesquisa online, testa o produto na loja e finaliza a compra no app. As avaliações online tornaram-se cruciais, elevando a transparência e a confiança no varejo digital.

A Web 3.0 surge redesenhando o varejo com a integração de Inteligência Artificial (IA), Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR). Nesta fase, as barreiras entre o digital e o físico se dissolvem, criando experiências personalizadas e imersivas.
A IA personaliza sugestões em tempo real, prevê tendências de consumo e ajusta estoques automaticamente. O conceito de comércio unificado se fortalece, permitindo compras online com retirada na loja, “corredores infinitos” (expansão do estoque da loja física com produtos online), caixas móveis e pagamentos digitais sem fricção.

A Web 3.0 está revolucionando o consumo por meio da imersão, da inteligência artificial e da descentralização financeira, aprimorando a experiência do cliente e otimizando custos para as empresas.

Primeiramente, a realidade aumentada elimina incertezas no consumo e permite que os clientes “experimentem” virtualmente produtos antes da compra, como tênis, óculos e móveis, reduzindo devoluções e aumentando a confiança.

Em seguida, os showrooms virtuais, impulsionados pela realidade virtual, eliminam a necessidade de presença física e permitem que consumidores explorem lojas digitais, experimentem roupas e participem de desfiles exclusivos de qualquer lugar, ampliando o alcance das marcas e oferecendo experiências personalizadas.
Por sua vez, a inteligência artificial transforma a logística ao prever picos de demanda, ajustar estoques e otimizar cadeias de suprimentos em tempo real. Grandes empresas, como a Amazon, já utilizam IA para manter produtos sempre disponíveis e reduzir desperdícios.

Por fim, os pagamentos descentralizados, viabilizados por criptomoedas e blockchain, eliminam intermediários e reduzem taxas bancárias, proporcionando transações seguras e acessíveis globalmente e garantindo mais autonomia ao consumidor.
A história da internet e do comércio prova que inovação não é apenas tecnologia, mas a forma como ela gera valor real ao consumidor. Empresas que abraçarem IA, AR, VR e criptomoedas não como tendências isoladas, mas como estratégias integradas, sairão na frente.

A personalização extrema, a eficiência operacional e experiências memoráveis serão os pilares do sucesso. A Web 3.0 não é o futuro distante – ela já está moldando um novo paradigma em que tecnologia e consumo se fundem de forma inteligente. As empresas que compreenderem essa nova dinâmica, além de garantirem sua sobrevivência, liderarão a próxima revolução do varejo. E você, está preparado para essa nova era?

(*) Economista especialista em mercado e consumo e membro do Conselho de Assuntos Tributários da Fecomércio/MG.