Antônio Pitangui de Salvo é produtor rural, engenheiro agrônomo e presidente do Sistema Faemg Senar

A carne bovina ocupa um lugar especial na vida e na cultura dos brasileiros. Está no churrasco de fim de semana, nas refeições cotidianas e nas celebrações familiares. Mais do que um alimento, é um símbolo de convivência, tradição e identidade nacional. Ao mesmo tempo, é uma das bases da economia do país: gera milhões de empregos diretos e indiretos, movimenta cadeias inteiras do agronegócio e projeta o Brasil como protagonista no mercado global de proteína animal.

O Brasil é referência em pecuária de corte, não apenas pela dimensão do seu rebanho, mas também pelos avanços que imprimimos à atividade. Os diferenciais da carne bovina brasileira são claros: a produção a pasto, que garante menor custo e qualidade superior; a eficiência produtiva conquistada pelo uso de tecnologia; o clima favorável; o melhoramento genético que nos tornou referência internacional; e as práticas de bem-estar animal.

Somos o maior exportador de carne bovina do mundo e o segundo maior produtor. Também nos consolidamos como potência genética, com raças zebuínas que se tornaram símbolos de melhoramento animal e nos projetaram como líderes na exportação de sêmen e embriões para a América Latina, África e Ásia. É esse conjunto de fatores que coloca o Brasil numa posição estratégica para atender à crescente demanda global por proteína animal, indispensável para a saúde e a alimentação humana.

O mercado externo é cada vez mais exigente: pede qualidade, rastreabilidade, respeito às leis ambientais e preços competitivos. Todos esses critérios já fazem parte da nossa realidade. E não podemos nos esquecer do mercado interno, que consome 70% da carne que produzimos. Temos que ouvir o consumidor. Os brasileiros também querem um produto de qualidade e acessível.

Conacarne

É nesse contexto que nasce o Congresso Nacional da Carne (Conacarne 2025), a ser realizado nos dias 18 e 19 de setembro, em Belo Horizonte. Há muitos anos não se discutia o assunto em um congresso dessa relevância, voltado para produtores rurais de todo o país. Minas Gerais, quarto maior produtor nacional, será palco de um encontro histórico que reunirá especialistas do Brasil e do exterior. Queremos responder à pergunta: qual futuro queremos para a nossa pecuária?

Não há mais espaço para improviso. É preciso investir em uma pecuária de precisão, em sanidade, genética, nutrição e gestão das fazendas. Não basta sermos líderes em exportação ou termos a carne mais sustentável do mundo. É essencial garantir que a pecuária seja, acima de tudo, uma atividade economicamente viável para o produtor rural.

O Conacarne será uma plataforma para fortalecer toda a cadeia da carne bovina. Vamos reafirmar o papel estratégico da pecuária brasileira. Os nossos produtores precisam enxergar as oportunidades do mercado e a necessidade de investir em capacitação contínua para se manterem competitivos. O caminho para o futuro da carne brasileira já está sendo construído.